Araucária 129 anos – Herança polonesa ainda é forte na cidade

Luzes Natal Araucaria - Foto: Marco Charneski
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Araucária 129 anos - Herança polonesa ainda é forte na cidade
Igreja de São Miguel – A pintura interna é do começo da década de 1950. No piso foi usada a técnica de ladrilhos hidráulicos, com motivos geométricos . Foto: Carlos Poly

 

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 129 ANOS

Araucária completa 129 anos na próxima segunda-feira, 11 de fevereiro. Enquanto planeja por meio da revisão do Plano Diretor de Araucária um município mais compacto e sustentável, paralelamente os cidadãos daqui mantém na família, na roda de amigos tradições culturais antigas e que com muito carinho são conservadas mesmo depois de tanto tempo, como exemplo podemos citar a herança do imigrante tão presente no dia a dia araucariense.

A presença polonesa em Araucária pode ser notada de várias maneiras: na culinária, nas danças, em edificações, no nome das ruas, nos sobrenomes complicados de escrever e falar, na história, na cultura. O vínculo da cidade com esses imigrantes europeus permanece até hoje, muitos deles formaram famílias e o amor e o laço com o município é passado de geração em geração.

Essa longa e bonita história começa em 1876 quando os primeiros poloneses chegaram a Araucária e instalaram-se na região do Thomaz Coelho, que foi a maior colônia de imigrantes poloneses das circunvizinhanças da capital fundada por Lamenha Lins, em locais próximos aos rios Iguaçu e Passaúna. Ao redor havia terras férteis onde era plantado arroz, trigo, erva mate, mas as difíceis condições de acesso a Curitiba impossibilitavam a venda e muitos habitantes que aqui chegaram foram prejudicados na hora de comercializar seus produtos.

Os poloneses vieram para o município com a intenção de criar uma colônia de povoamento e não de exploração, eles queriam construir aqui sua cidadania. Mais do que se dedicar a lavoura, esses imigrantes também se preocupavam com a educação. Quando se estabeleceram logo construíram uma escola e uma capela.

A maioria dos imigrantes poloneses que vieram para o Brasil entre os séculos XIX e XX seguiram para a região sul do país. Atualmente, estima-se que haja entre 1,5 e 1,8 milhões de descendentes de poloneses no Brasil. É a terceira maior população de ascendência polonesa no mundo, depois dos Estados Unidos e da Alemanha.

Em Araucária a herança polonesa está presente no dia-a-dia. Quem nunca comeu ou pelo menos ouviu falar do pierogue? Um pastel de massa primeiro cozida e depois assada ou frita, normalmente na manteiga com cebolas, tradicionalmente recheados com batata, chucrute, carne moída, queijo ou frutas. O prato é original da Polônia e do oeste da Ucrânia e aqui no município é servido e vendido em diversos locais.

Várias ruas da cidade recebem nomes de imigrantes poloneses e em vários pontos turísticos a presença polonesa está nas construções, nas pinturas ou nos costumes dos moradores de algumas regiões do município.

Reconhecendo a importância desse povo, ao longo dos anos Araucária foi construindo e revitalizando alguns monumentos históricos em referência ao marco da colonização polonesa. Entre eles estão:

Igreja de São Miguel – A capela foi construída em 1882 e recebeu a visita da Princesa Izabel em 1884. Em 1888 a capela foi reformada pelos colonos que moram até hoje na região do São Miguel. O Padre Francisco Madej, em 1948, deu início à ampliação que seria concluída em 1952. Durante essa reforma, a Igreja recebeu altar de mármore importado em diversas cores com ornamentos em bronze. A pintura interna é do começo da década de 1950, apresentando motivo floral e anjos. No piso foi usada a técnica de ladrilhos hidráulicos, com motivos geométricos. Entre 1971 e 1973, foi reformada na sua parte externa. A Igreja de São Miguel está localizada na Rua Boleslau Bayer.

Portal Polonês – Inaugurado em 9 de abril de 2000, o Portal mostra duas fases da arquitetura do imigrante polonês no município, combinando elementos arquitetônicos da casa de troncos da segunda metade do século XIX e posteriormente da casa de tábuas de pinheiros. Os lambrequins (é o nome de recortes e pendentes, feitos em tecido, madeira ou outro material, usados na arquitetura, na decoração) também caracterizam essa última fase. Localiza-se na Avenida das Araucárias.

Aldeia da Solidariedade – Constituída por centenárias edificações em madeira rudimentar, construídas pelos poloneses que chegaram à região. Em 1982, foram transferidas de Thomaz Coelho, Roça Velha e Roça Nova para o Parque Cachoeira. Conta com duas casas, chiqueiro, paiol e picador de palha, utilizados para oficinas de arte e artesanato. As casas estão localizadas dentro do Parque Cachoeira.

Texto: Danielle Peplov

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