Coletores de lixo reclamam dos ataques de cães durante o trabalho

Por lei os moradores podem ser responsabilizados criminalmente pelos ataques
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Por lei os moradores podem ser responsabilizados criminalmente pelos ataques
Por lei os moradores podem ser responsabilizados criminalmente pelos ataques

A redação do Jornal O Popular recebeu no início desta semana um vídeo de, aproximadamente, cinco minutos mostrando uma grande dificuldade na rotina diária de trabalho dos coletores de lixo pelas ruas de Araucária: cães agressivos. O vídeo, narrado pelo motorista do caminhão da coleta, revela o quanto é difícil e arriscado o trabalho destes profissionais.
Um detalhe que chama a atenção é que a maioria destes animais têm dono, ou seja, não são somente os cães de rua que colocam em risco a integridade física dos coletores. Na maioria das vezes os proprietários deixam o portão aberto, instalam as lixeiras num local inadequado ou com muro muito baixo e acabam facilitando o acesso dos animais.
O motorista, Edson Luiz Leal de Lima, conta que o vídeo foi gravado no Jardim Sol Nascente, mas que o problema ocorre em todos os bairros de Araucária. “Os ataques são frequentes. Nós procuramos manter um diálogo com a população, conversar, orientar, explicar que eles devem cuidar dos seus cachorros, porém pouco resolve. Não podemos generalizar, mas são muitos moradores que acabam deixando seus animais irem para a rua”, comenta.
Além disso, Edson conta que teve um caso em que um cão avançou em um coletor e ele precisou se defender. “O meu colega estava com uma sacola cheia de lixo na mão e precisou jogar no animal para que ele parasse o ataque. Neste momento um morador, que não era o proprietário do cachorro, se aproximou e começou a ofender o coletor pela sua atitude. Isso acabou gerando um grande transtorno ali no momento. Se o dono do animal tivesse mantido ele para o lado de dentro do portão, tudo poderia ter sido evitado”, diz.

Os cães agressivos colocam em risco a integridade física dos coletores, dificultando seu trabalho
Os cães agressivos colocam em risco a integridade física dos coletores, dificultando seu trabalho

Índices
De acordo com o departamento de engenharia de segurança do trabalho da Transresíduos, empresa responsável pela coleta no município, o índice de trabalhadores atacados por cães é muito alto. Segundo dados da empresa, em 2016, cerca de 20% dos acidentes de trabalho na empresa foram decorrentes de mordidas de cachorro.
Antonio Cachiolo, gerente da filial de Araucária, afirma que o problema é sério e muito grave. “Isso acaba comprometendo, inclusive, a prestação do serviço. Em muitos casos, o coletor acaba nem conseguindo recolher o lixo, pois os animais avançam. Sem falar no risco a integridade física dos nossos trabalhadores que é muito preocupante”, comenta.
Multa para os responsáveis
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) destaca que existe a Lei 2159/2010 do Código de Obras e Postura do Município que prevê multa de R$ 50 a R$ 5 mil para o morador proprietário de animal que agrida, não somente os coletores ou outros prestadores de serviço como Correios e Sanepar, mas a qualquer cidadão. Além disso, a Lei Federal 10.406/2002, diz que o morador é responsável civil e criminalmente por qualquer dano causado ao coletor.
Segundo Hélio Luis Bzuneck, do Meio Ambiente, existem dois procedimentos a serem realizados pelas vítimas nestes casos. “Se o cão somente avançou na pessoa e acabou não mordendo, mas se mostrou agressivo, você pode ligar para a secretaria e comunicar o ocorrido. Nossa equipe de fiscalização irá até a residência, conversar com o proprietário e notificar. Caso volte a ocorrer, nós aplicamos a multa”, orienta. O telefone da SMMA é o 3614.7480.
Porém, de acordo com o profissional, nos casos em que os cães atacam e acabam ferindo o cidadão o procedimento é outro. “A vítima precisa registrar um Boletim de Ocorrência na autoridade policial competente e apresentar no Meio Ambiente. Nesse caso a multa já é aplicada diretamente”, destaca.
Ainda segundo este Código de Postura, o morador precisa se preocupar com diversos detalhes como, por exemplo, fazer uma cerca a uma altura compatível ao porte do animal, ter cuidado com o local onde vai instalar a lixeira para que fique longe do acesso de cães e, inclusive, não colocar casinhas para animais de rua na sua calçada. “A partir do momento que o morador faz isso, o animal acaba entendendo que ali é seu território e pode passar a ser agressivo com pessoas que se aproximem dali”, explica Hélio.
Vidros e agulhas
Além dos cães agressivos, outro problema que atrapalha muito o trabalho dos coletores é o descarte incorreto de materiais perfuro cortantes como agulhas e cacos de vidro. Portanto, a orientação é que se dê o destino correto a estes materiais.
“Esses objetos causam sérios danos aos nossos coletores. Para se ter uma ideia, caso um trabalhador seja picado por uma agulha que esteja dentro de um saco de lixo, ele precisa fazer um acompanhamento médico periódico quase que diariamente por um período de até seis meses. Isso é um transtorno muito grande, tanto para o nosso colaborador, quanto para a empresa”, destaca Antônio Cachiolo, gerente da Transresíduos, filial Araucária.

Fotos: Everson Santos

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