História feita de perseverança e muito trabalho

Lioide, Luciano e Cassiano, no barracão da Araucária Ferro e Aço
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Lioide, Luciano e Cassiano, no barracão da Araucária Ferro e Aço
Lioide, Luciano e Cassiano, no barracão da Araucária Ferro e Aço

Quem vê o barracão da Mega Calhas, no bairro Fazenda Velha, pode não fazer ideia da trajetória da família Marques da Silva para chegar até ali. Na verdade são duas empresas. A Mega Calhas, que faz calhas, rufos e conectores para o consumidor final e a Araucária Ferro e Aço, que produz peças e chapas para outros calheiros e também peças para construção civil, mais especificamente para construção de casas com a tecnologia de steel frame e drywall.

Tudo começou com o pai, Lioi­de Marques da Silva, 54 anos. Ele sempre foi empreendedor e veio do interior do estado. Traba­lhou com vários negócios durante a vida, desde criar bois até transportar jornais pelo estado. Até então não tinha tido grande sucesso em nenhuma dessas empreitadas. “Me faltava equipe de trabalho. Então, se um negócio não ia bem, eu logo partia para outro”, conta. Como seus filhos eram pequenos ele sempre atuava sozinho.

Trabalho duro

Nos idos de 2008, parentes de Lioide trabalhavam como calheiros e ele percebeu ali um bom negócio. Em Araucária os profissionais ti­nham uma grande dificuldade para atender as necessidades dos clientes pois os equipamentos disponíveis davam condições de fazer peças de, no máximo, dois metros de comprimentos. “Se a calha que o cliente precisasse fosse maior era preciso ficar emendando peças, de dois em dois metros. Isso dava uma trabalheira danada”, conta Lioide. Nessa época seus dois filhos mais velhos, Cassiano e Luciano, trabalhavam em uma empreiteira da Petrobras com inspeção de soldas e viviam viajando, para fazer o serviço onde a obra estivesse acontecendo. “Tí­nhamos um bom salário trabalhando como inspetores, mas vimos no setor de calhas uma grande oportunidade. Mas nossa preocupação era se o negócio teria condição de sustentar todos”, lembra Cassiano. Em 2009, os três chegaram à conclusão que para dar certo seria preciso investir na construção de um barracão, na época no jardim Fonte Nova, e na compra de uma dobradeira com capacidade de fazer peças mais longas. Sem dinheiro sobrando, eles mesmos, literalmente, puseram a mão na massa, levantaram as paredes do barracão e começaram a oferecer para os ca­lheiros da região essas peças mais longas. “Com isso ganhamos tempo e muitos clientes começaram a nos procurar. Em pouco tempo o barracão ficou pequeno. O movimento já estava bem melhor e conseguimos financiar a compra de dois terrenos no bairro Fazenda Velha, onde a empresa funciona hoje”, diz Luciano.

Salto no faturamento

Além de fazer o atendimento direto aos consumidores com o serviço de calhas e rufos, a empresa fornecia também peças para os calheiros. Para fazer esse tra­balho tiveram que comprar algumas máquinas que transformavam as bobinas de alumínio liso em rolos menores e também em outras peças prontas. Além das calhas mais longas do telhado, eles descobriram que uma empresa no estado de São Paulo fazia uma máquina que produzia condutores, aquela parte da calha que conduz a água do telhado até o chão, grudada na parede. “Antes era quase artesanal e dava muito trabalho fazer esses condutores. Se tivéssemos um equipamento como esse daríamos um salto em nosso faturamento”, diz Luciano. Foram até São Paulo e encomendaram a tal máquina. “Levou um ano e meio para ficar pronta e tivemos que fazer um novo financiamento. Mas valeu a pena. Hoje somos uma das três empresas do estado e oferecer essas peças”, comemora o empresário.

Na China

Com uma grande preocupação com qualidade e prazo de entrega, a família foi conquistando cada dia mais o respeito dos clientes. “Um dia uma construtora que comprava bastante calhas nos perguntou porque nós não fazíamos umas peças metálicas usadas na cons­trução de paredes com o sistema drywall, chamadas steel frame. E nós dissemos, porque não?”, conta Cassiano. Abriram uma nova empresa, a Araucária Ferro e Aço, e começaram uma nova busca. Cassiano que fala inglês, encontrou uma empresa na China que fabricava esse equipamento. “Comecei a conversar com a vendedora da fábrica e descobri que era exatamente o que estávamos precisando. Mas estava num dilema danado. Nós tínhamos que pagar trinta por cento para que eles começassem a fabricar a máquina, e eu não tinha garantias de que não iria perder o dinheiro. Fizemos uma reunião e decidimos arriscar. Foi a melhor coisa que fizemos”, relembra Cassiano. Na ocasião ele teve que contratar uma empresa para ir até a fábrica e fazer uma avaliação. “Depois eu mesmo ia pedindo para a vendedora filmar a máquina. Analisando as imagens fui orientando sobre os ajustes para eles fazerem ainda na fábrica. Em um mês a máquina estava pronta. Levou dois meses para chegar. Entre pedido, transporte e liberação da papelada, em quatro meses a danada estava em nosso barracão”, relata.

Essas peças são reforçadas e utilizadas na parte estrutural das casas e nas paredes externas, onde são aplicadas do lado de fora placas cimentícias e por dentro drywall. São feitas de uma liga metálica que contém zinco e que pode durar mais de duzentos anos. A aposta foi certeira.

O Barracão da Araucária Ferro e Aço com as máquinas sendo montadas
O Barracão da Araucária Ferro e Aço com as máquinas sendo montadas

Novo mercado

Os clientes, acostumados com a eficiência e o cumprimento nos prazos de entrega, novamente os provocaram sobre novos produtos. “Os steel frame são peças utilizadas apenas nas paredes externas. Os clientes ficavam perguntando quando é que iríamos produzir as peças utilizadas nas paredes internas”, diz Cassiano. Para isso era preciso fazer novo investimento na compra de quatro máquinas, na ordem de mais de R$ 600 mil. Novamente os três decidiram que o caminho era esse. Na tarde de ontem feriado da Independência, Lioide encostou, orgulhoso, o caminhão com duas delas que ele mesmo havia ido buscar no dia anterior na cidade de Limeira (SP). “A primeira já está no barracão, essas duas o pai foi buscar ontem e no mês que vem deve chegar a terceira”, comemora Luciano. Há poucas semanas eles tiveram que mudar a Araucária Ferro a Aço para um barracão com 780 metros quadrados para poder comportar todas as máquinas e a produção. “Agora a empresa vai poder fornecer esses perfis tanto para a parte estrutural, das paredes externas, quanto das paredes internas e também para o forro”, explica Lioide.

Volta por cima

Se a empresa está indo muito bem hoje, nem sempre as coisas foram esse mar de rosas. “Vendemos nosso produtos aqui na Região Metropolitana de Curitiba, norte do estado do Paraná e Santa Catarina, e temos muitos clientes. Em 2014 alguns clientes tiveram problemas financeiros e nos deixaram com um rombo de R$ 400 mil em nossas contas. Foi muito desanimador e o pai chegou a sugerir de mudarmos de ramo. Mas decidimos insistir. Parcelamos nossas dívidas com os fornecedores e fomos à luta. Conseguimos honrar cada um dos compromissos. Viramos o jogo e a ponto de que, recentemente, um empresário para quem estávamos devendo chegou a perguntar se nós queríamos mais um sócio”, comemora Cassiano. Pelo que se vê, a insistência valeu a pena.

Serviço

A Mega Calhas fica na rua Irmã Elizabeth Werka, 478. Os telefones são 3537-7562 e 9908-7474. Os telefone são 3607-5513 e 9809-7677.


Texto: Carlos do Valle / fotos: carlos do valle

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