Comer um bife, usar desodorante e entender a língua portuguesa pode parecer simples para quem vive no Brasil. No entanto, para o indiano Vishal Pranao Sadasivam, de 16 anos, essas tarefas foram um choque de culturas e mostraram que sua viagem ao país canarinho seria mais emocionante do que ele imaginava.
O garoto chegou ao país no dia 24 de setembro por meio do programa Rotary Youth Exchange, que possibilita a experiência de um intercâmbio para jovens que sonham conhecer outros lugares do planeta. “Meu pai é presidente do Rotary Perundurai da Índia, então ele entrou em contato com o comitê internacional, fez todos os trâmites necessários e deu certo para eu ficar em Araucária”, conta o garoto, que permanece na cidade-símbolo do Paraná até maio de 2016.
Aqui, ele foi recebido pelo casal Eliane e Edson Maraschin, e tem aprendido a conviver com a nova cultura a cada dia. “Eu vi que o Brasil é muito mais que futebol. As pessoas são amigáveis, as coisas são bem baratas se compararmos com os preços no meu país e a comida aqui é muito simples”, conta o turista, que está acostumado a encontrar animais exóticos e muita pimenta nas refeições. “Sem contar que na Índia os alimentos são servidos em cima de uma folha de bananeira para atrair os nutrientes da folha para a comida”, comenta.
No entanto, ele afirma que gostou da culinária brasileira e até experimentou alguns pratos preparados com carne de vaca, animal que é considerado sagrado em seu país. “Meus pais disseram que eu poderia conhecer a cultura do Brasil, então é isso que estou fazendo”, garante.
Estudo
Além de ter contato com muitas situações diferentes do que estava acostumado, o hóspede também recebe uma ajuda de custos do Rotary, uniforme e material escolar para que possa frequentar uma instituição de ensino da região que o recebe. “Aqui em Araucária, o Colégio COC foi muito receptivo com o projeto e concedeu uma bolsa de 100% pra que ele frequente as aulas sem a obrigatoriedade de nota”, explica Eliane.
Assim, o rapaz tem maior contato com a língua portuguesa e também com as disciplinas do currículo escolar brasileiro, mas sem que isso interfira no curso regular que realiza na Índia. “Lá, eu estudo Química, Física, Biologia, Matemática e Inglês, e preciso de apenas mais dois anos para me formar e ingressar no curso de Geologia que quero fazer”, explica.
Dessa forma, ele encara a viagem como um período de férias para imergir em uma nova cultura e promete aproveitar cada momento e até conhecer a Amazônia brasileira antes de retornar para seu país. “Acredito que farei essa viagem em março, porque se eu voltar para casa sem isso, vou me arrepender”, pontua.
Texto: Raquel Derevecki / FOTO: MARCO CHARNESKI