MP entra na briga por mais vagas nas creches

Promotoria e Conselho Tutelar acertam detalhes do chamamento
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Promotoria e Conselho Tutelar acertam detalhes do chamamento
Promotoria e Conselho Tutelar acertam detalhes do chamamento

Preocupada com a falta de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) em Araucária, principalmente para aquelas crianças em situação de vulnerabilidade social, a promotora de justiça titular da 2ª Promotoria do Município, Rosany Pereira Orfon, decidiu, em parceria com o Conselho Tutelar (CT), fazer um chamamento aos pais que estão na fila de espera.

O objetivo da ação é ter um diagnóstico atualizado das famílias de baixa renda que possuem filhos entre zero e três anos e precisam de uma vaga num CMEI. Do mesmo modo, pais com filhos entre quatro e cinco anos também devem atender ao chamamento, até por conta da obrigatoriedade de que crianças dessa faixa etária passem a frequentar a educação infantil a partir de 2016.

Ainda conforme a promotora, as famílias devem procurar o Conselho Tutelar a partir da próxima segunda-feira, 27 de outubro, munidos da documentação necessária, para fazer ou renovar seu cadastro. “Temos conhecimento de várias situações graves de pais que estão tendo problemas pelo fato de o filho não poder frequentar uma creche. Muitos até enfrentando dificuldades financeiras por não poder trabalhar porque não tem com quem deixar a criança”, esclareceu a promotora. Rosany enfatizou que, mesmo o direito de ter uma vaga numa creche seja constitucionalmente garantido a todas as crianças, a preocupação inicial do MP será com aquelas famílias de baixa renda. “Embora a educação infantil seja direito de todos e dever do Município, não podemos fechar os olhos para a situação do país e, em específico de Araucária. É fato que não há vagas para todos. Por isso, nosso trabalho nesse primeiro momento será conseguir vagas para aquelas famílias de baixa renda”, ressaltou.

A promotora disse também que, periodicamente o Conselho Tutelar irá repassar ao MP a relação das famílias que procuraram o órgão para se recadastrar. “Com base nas informações contidas na lista, nossa intenção é requisitar mensalmente à Prefeitura que essas vagas sejam fornecidas. Só depois disso, caso o pedido não seja atendido no prazo estipulado, o Ministério Público irá propor uma ação civil pública contra o Município”, ponderou. Ela ainda ressaltou que, em situações excepcionais, quando o risco à criança é iminente, tratará o caso individualmente.

A representante do MP advertiu que, paralelamente a todas estas medidas, a Promotoria pretende requisitar à Secretaria de Educação informações periódicas sobre a abertura de novas vagas e o atendimento da fila já existente. Ela ainda irá oficiar à Câmara de Vereadores para receber informações acerca do montante de recursos previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) para o atendimento da universalização da educação infantil para aquelas crianças de quatro a cinco anos a partir de 2016.

Tudo a seu tempo

A promotora Rosany também pediu paciência por parte das famílias porque o que não pode ocorrer é a Prefeitura receber crianças e acabar provocando a superlotação nas creches. “Não queremos tirar o direito que é de todos. Vamos respeitar a fila de espera, no entanto, também sabemos que como é inviável atender a todos de imediato, daremos prioridade aos casos mais graves, às famílias de baixa renda, que comprovem que necessitam mesmo que o filho esteja na creche para poder trabalhar. A nova lista levará em consideração o perfil socioeconômico das famílias”, ponderou.

O drama das mães

Genice Maçaneiro
Genice Maçaneiro

O drama de não conseguir uma vaga nas creches de Araucária faz milhares de mães perderem a esperança. A mãe Genice Maçaneiro de Souza, que mora no jardim Plínio, está desacreditada. Depois de ouvir tantas promessas e nenhuma resposta, a esperança de conseguir uma vaga na creche para o filho de quatro anos já foi embora.

“Já estou na fila de espera há dois anos, não consigo trabalhar fora porque não tenho com quem deixar meu filho. É uma situação difícil, pois ele é uma criança esperta, muito inteligente, e está fora da escola, onde poderia estar desenvolvendo mais seus dons”, disse.

A situação da mãe Rosana Padilha, que mora no jardim Planalto, é ainda pior. Ela tem quatro filhos, dois deles aguardando vagas em creches, um bebê de seis meses e outro de quatro anos. “Estou na fila desde que meu filho de quatro anos nasceu e estou prestes a perder meu emprego de tanto que tenho faltado pra poder ficar em casa cuidando deles”, reclamou.

Rosana disse ainda que está separada do marido e sobrevive com o pouco que recebe das pensões dos filhos. “Tive que alugar uma casinha pra morar com meus filhos, e mal consigo pagar o aluguel. Se perder meu emprego então, não sei como vou fazer. Até apareceu uma vaga em uma creche muito longe de casa e em apenas um período, mas preciso deixar meus filhos em tempo integral, senão não consigo trabalhar”, lamentou.

Hora de se cadastrar!

 Rosana Padilha
Rosana Padilha

As famílias que possuem filhos entre zero e cinco anos, que ainda não estão frequentando os CMEIs, deverão procurar o Conselho Tutelar a partir da próxima segunda-feira, 27 de outubro, para fazer o cadastro, munidos da seguinte documentação: xerox dos documentos da criança e do responsável legal, comprovante de residência, comprovante de renda familiar e, caso possuam, um documento que comprove a negação da vaga na unidade solicitada.

Mesmo as famílias que já estão na fila de espera deverão atualizar seus dados. O horário de atendimento do Conselho é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17 horas. O endereço é rua Joaquina Tonchak, 880, no bairro Porto Laranjeiras. Mais informações pelos telefones 3901-5365 ou 3901-5366.

Texto: Maurenn Bernardo e Waldiclei Barboza / Foto: Marco Charneski / Everson Santos

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