Instituições ligadas ao trabalho e emprego em Araucária tomaram uma medida extrema na sexta-feira, 8 de julho, após os últimos acontecimentos registrados na cidade com relação a contratação de mão de obra para a parada da Repar. As instituições tiveram uma audiência na Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP) para denunciar as ações criminosas praticadas por um grupo que se aproveita do drama das famílias de desempregados na cidade, por conta das obras na refinaria e da baixa oferta de serviços temporários nas áreas de manutenção e montagem de equipamentos, para inviabilizar o atendimento público de oferta e recrutamento das poucas oportunidades que aparecem.
Ainda conforme a denúncia, tais grupos estariam promovendo tumultos e atos de vandalismo, visando assumir o controle desse processo de recrutamento para obter vantagens financeiras e até eleitorais. O MPT-PR investiga, inclusive, a suspeita de prática criminosa de venda de vagas de emprego e recrutamento viciado nas intenções do grupo.
Além de inviabilizar a seleção, os tumultos e protestos impedem o funcionamento das atividades na refinaria da Petrobras e os ganhos de trabalhadores e empresários. Se valendo do desespero e da boa fé das famílias de desempregados, o grupo manipula informações, distorce os fatos e divulga inverdades. Para convocar centenas de pessoas para suas mobilizações, esse grupo anuncia, por exemplo, que já está com a documentação das pessoas, que elas estariam devidamente cadastradas e que, com isso, vai forçar a empresa a aceitar esses currículos.
As instituições também pediram na Sesp o reforço do policiamento de forma a garantir o funcionamento dos serviços, tanto na Agência do Trabalhador/Sine do Município quanto na sede do Sindimont, alvos de constantes invasões, tumultos e ameaças. Recentemente, dirigentes sindicais foram atacados por aproximadamente 100 manifestantes em frente à agência local do Sine e sofreram diversas formas de agressão. Nesses protestos e tumultos, ainda, o grupo criminoso já promoveu invasões e ataques com bomba caseira à sede do Sine, ameaças aos funcionários das empresas terceirizadas da Repar, da Guarda Municipal e ocupação da rodovia na frente da refinaria da Petrobras para impedir o funcionamento normal da empresa.
No ano passado, por pressão das invasões do grupo à Câmara de Vereadores de Araucária, foi aprovada uma lei municipal de reserva de 70% das vagas de emprego (15% para mulheres) a moradores de Araucária e região metropolitana de Curitiba. A confirmação de residência, entre outras condições, passou a exigir um trabalho burocrático de análise, conferência e checagem da documentação dos candidatos às vagas, uma espécie de pré-seleção, que dá certa garantia às empresas contratantes, terceirizadas da Petrobras, em escolher os perfis de profissionais a partir dessa triagem do Sine. Mas desde que as ações criminosas, agressões e tumultos começaram, o Sine suspendeu esse atendimento. Em parceria com o Sindimont, já que metade dos desempregados de Araucária é formada por trabalhadores dos ramos de montagem e manutenção de equipamentos, o serviço foi retomado. Para uma empreitada que deverá acontecer no mês de agosto, o Sindimont já conseguiu encaminhar para seleção e contratação pelas empresas terceirizadas os currículos e documentação de mais de 300 trabalhadores em apenas duas semanas. Agora, o Sindicato e seus dirigentes é que passaram a ser alvos das agressões, ameaças e confusões causadas pela ação do grupo.
O MPT-PR tomou conhecimento dessa situação e abriu, para dar conta das demandas trabalhistas, uma mediação com representantes da Prefeitura, Sine, do Sindimont e das empresas terceirizadas. A Petrobras também foi convidada para participar dessa mediação. Na reunião no MPT-PR o representante da Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná (Seju), se comprometeu a chamar uma reunião com a SESP para pedir o reforço policial, informar as autoridades e pedir providências urgentes para garantir a prestação do serviço público de atendimento aos trabalhadores e candidatos às vagas de emprego em Araucária, seja na agência do Sine ou na sede do Sindimont, que atua em parceria com a Prefeitura. Assim como fez o Sindicato, o MPT-PR também cobrou dos gestores do Município que noticiem e relatem oficialmente as autoridades policiais as ocorrências criminosas praticadas pelo grupo que diz representar os desempregados da cidade, mas que é liderado pelo ex-diretor da agência local do Sine e pré-candidato a vereador na cidade.
O MPT-PR também tomará providências, com o auxílio de outros organismos, no sentido de abrir inquéritos civil e penal para investigar as denúncias de que a ação criminosa do grupo visa implantar um recrutamento viciado e o comércio de vagas de empregos na cidade.
Texto: Maurenn Bernardo e ASSESSORIA