Professor diz ter sido vítima de preconceito

Há 28 anos trabalhando na Prefeitura, lecionando para milhares de alunos, professor disse que nunca se sentiu tão humilhado
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Professor diz ter sido vítima de preconceito
Há 28 anos trabalhando na Prefeitura, lecionando para milhares de alunos, professor disse que nunca se sentiu tão humilhado

 

O advogado e professor Sidney Azarias Inácio enfrentou uma situação vexatória no dia 28 de agosto, em um restaurante localizado no Centro de Araucária. Segundo relata, ele estava almoçando no estabelecimento, na companhia de uma amiga, quando foi confundido por uma mulher e abordado por dois guardas municipais, que o teriam confundido com um golpista. O que mais causou estranheza para o advogado é que, mesmo ele estando de costas no momento da abordagem, a mulher teria dito que o reconheceu como sendo a pessoa que havia lhe dado a quantia de R$ 600,00, prometendo, em troca, uma cesta básica.

“Quando me interpelaram, levei um susto, tentei explicar que aquilo era um engano, mas os dois guardas municipais não deram muita atenção, eu disse ainda que sou advogado, professor há 28 anos, que já fui secretário municipal, mesmo assim, foram truculentos. Foi um grande constrangimento, todos os clientes do restaurante me olhavam como se eu fosse um criminoso, e pior, não tem como não mencionar que envolve uma questão de racismo, uma vez que eu era o único negro naquele recinto”, explicou.

Sidney levou o caso adiante, registrou um boletim de ocorrência e também levou o caso para a 3ª Promotoria de Justiça de Araucária, responsável por fiscalizar a conduta de agentes de segurança que atuam no Município. Procurou ainda o Fórum de Combate ao Racismo, que já está acompanhando a situação. “Os guardas municipais demonstraram um despreparo extremo, era notável que a mulher parecia ter algum tipo de problema e que fui vítima de um tremendo engano. É lamentável, pois a Guarda Municipal deve preparar melhor seus agentes, eles acham que são a lei. Se isso não bastasse, quando tentei me explicar, os guardas disseram para minha amiga que eu poderia ser autuado por desacato a autoridade. Não posso deixar isso passar em branco, vou tomar todas as providências que me são cabíveis”, comentou o professor.

O diretor da Guarda Municipal, Antônio Edison de Souza, comentou que a situação está sendo averiguada pela Corregedoria da corporação, a partir de uma denúncia feita na Ouvidoria. “Vamos verificar se tudo não passou de um mal entendido ou se houve mesmo algum erro de abordagem ou outro problema. Vamos colher depoimentos, verificar a imagem da câmera que um dos guardas usava na lapela. É importante ressaltar que os guardas não conheciam o professor, portanto, pode ser que tenha sido mais uma situação de estresse, não é possível afirmar que houve falta de respeito, mas independente de quem seja a suposta vítima, os fatos serão apurados. Também não faz sentido que o professor alegue ter sido vítima de racismo, mesmo porque, um dos guardas envolvidos é negro também”, esclareceu Antônio.

Enquanto isso, os guardas continuam trabalhando, pois conforme explica o diretor, não foi um caso de ameaça à vida, quando os profissionais são afastados durante as investigações.

Fórum de Combate ao Racismo acompanha o caso

O professor Sidney não está sozinho nessa briga, e já recebeu o apoio do Fórum de Combate ao Racismo de Araucária, que está acompanhando o caso de perto. “A intenção é provocar a Câmara de Vereadores para intervir e convocar a Guarda Municipal a dar explicações sobre os fatos, inclusive esclarecendo como são feitas as abordagens e qual o protocolo seguido pela corporação”, comentou um dos integrantes do Fórum.

Foto: Everson Santos

Publicado na edição 1129 – 06/09/18

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