Assassino de Lucas pega doze anos de prisão

A plateia do Tribunal do Jurí estava repleta de amigos e familiares. No detalhe, o réu
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A plateia do Tribunal do Jurí estava repleta de amigos e familiares. No detalhe, o réu
A plateia do Tribunal do Jurí estava repleta de amigos e familiares. No detalhe, o réu

esta silvio - Cópia
Silvio José Barbosa, que confessou ter matado o jovem Lucas Eduardo Gonçalves de Lima, de apenas quinze anos, em 26 de outubro de 2013, foi condenado a doze anos de prisão em regime fechado pelo crime. O júri popular que analisou o caso aconteceu na quarta-feira, 8 de junho, e só foi terminar 22h30. Silvio foi condenado por homicídio qualificado, por motivo fútil.

O julgamento aconteceu no salão do júri do Fórum de Arau­cária. Como todas as sessões do júri, esta também foi aberta ao público. Ao contrário do que costuma acontecer em outros julgamentos, neste caso muitas pessoas, familiares e amigos tanto de Lucas quanto de Silvio estavam presentes e acompanharam tudo.

Estratégia

Sílvio admitiu que atirou no rapaz e contra isso a defesa dele não tinha argumentos. Então a estratégia de seus advogados, alguns muito famosos inclusive, era desqualificar a acusação. Como sabiam que ele seria condenado, a ideia era pegar a menor pena possível. Para o crime de homicídio qualificado, que ele estava sendo acusado, a pena é de 12 a 30 anos. Para pegar a pena máxima são necessários os chamados qualificadores. Se o motivo foi fútil, se a vítima teve chance de defesa, se houve planejamento do crime, se escondeu o corpo e por aí vai. Para pagar os 30 anos, um assassino precisa ter cometido um crime muito cruel, bárbaro mesmo. As alegações da defesa foram de que Sílvio não tinha antecedentes, deu apenas um tiro, teria agido por impulsividade, não planejando o crime. A defesa queria ainda que Silvio fosse acusado de homicídio simples, cuja pena mínima é de seis anos. Não conseguiram. Foi mantida a acusação de homicídio qualificado com agravante de motivo fútil. Silvio tinha ciúmes do namorico da filha de 12 anos na época e queria matar o rapaz que namorava com ela, não Lucas. Para a Justiça quem morreu não faz diferença, não diminui o crime dele, pois atirou para matar. De qualquer forma, a sentença ainda foi uma espécie de vitória para ele e motivo de revolta para a família de Lucas que ficou inconformada. Se a condenação de 12 anos se mantiver, Silvio vai precisar cumprir quase cinco anos em regime fechado para poder solicitar avançar para regime semi aberto.

Condenado

Por maioria os jurados o consideraram culpado. A aplicação da pena coube à juíza, Bruna Greggio que, por sua vez seguiu o previsto na legislação penal. Diz-se maioria dos jurados pelo fato de que, sendo sete pessoas, na hora de declarar o voto, o juiz que preside o julgamento deixa que falem apenas os primeiros até que se tenha maioria. Tendo chegado neste ponto, o voto dos outros jurados é irrelevante, pois não mudará o veredito. O juiz então não permite que eles digam seu voto, justamente para preservar as pessoas e diz-se que foi por maioria.

Crime

Para quem não se lembra do caso, Lucas foi assassinado numa tarde ensolarada de sábado, enquanto andava de skate com alguns amigos na avenida Nossa Senhora dos Remédios, no bairro Boqueirão. Segundo relatos de testemunhas, enquanto o jovem brincava um carro GM Vectra preto parou próximo a eles. O moto­rista era Silvio, que desceu do veículo trocou algumas palavras com o garoto e teria lhe dado um tapa na cara. Lucas então tentou revidar, mas não teve tempo. Silvio sacou uma arma e lhe acertou um único tiro. Em seguida, entrou calmamente em seu carro e fugiu. Para a polícia, o garoto foi morto por engano. Um dos amigos de Lucas, de apenas 14 anos, estava de namoro com a filha de 12 anos de Silvio. Este não teria autorizado a relação e havia certa rusga entre ambos. Segundo apurado na época, Silvio costumava confundir o nome dos garotos. Após matar o garoto, Silvio deixou a cidade. Sabendo que era procurado pela Polícia, ficou um ano escondido. Quando se reapresentou, o fez na companhia de um advogado e acabou conseguindo responder ao processo em liberdade. No final do ano passado, Silvio ainda tentou uma última cartada para não ser julgado em Araucária. Pediu para que seu júri fosse realizado em outra cidade, pois os jurados daqui não teriam a isenção suficiente para analisar o seu caso. A Justiça não acatou ao pedido do assassino confesso de Lucas, que alega ter agido em legítima defesa. Em seu depoimento, Silvio disse que só atirou porque teria sido agredido por sua vítima com um skate. A agressão teria lhe causado um ferimento na boca e foi só após isso que ele sacou a arma e atirou.

Como respondeu o processo até agora em liberdade, ele terá o direito de recorrer da sentença do Tribunal do Júri solto. Só será preso quando sua apelação transitar em julgado e a pena se mantiver.

Lucas tinha 15 anos
Lucas tinha 15 anos

Texto: Carlos do Valle / FOTOS: everson santos / carlos do valle / diulgação

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