Família de pescador morto por GM’s fará novo protesto

O protesto deve ter início às 15h30, com concentração em frente à PMA
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Família de pescador morto por GM’s fará novo protesto
O protesto deve ter início às 15h30, com concentração em frente à PMA

 

No próximo sábado, 13 de janeiro, familiares e amigos de Julio Cesar Cordeiro, 38 anos, devem realizar novo protesto, reunindo-se em frente a Prefeitura Municipal para sair em caminhada até a sede da Guarda Municipal. Julio foi morto em suposto confronto com dois guardas municipais na noite de 9 de dezembro, na região das cavas do jardim Tropical.

De acordo com uma das familiares da vítima, até o momento o processo está estagnado. “Após a mudança de delegado em Araucária, não recebemos mais nenhum parecer do caso”, disse. Ela afirmou que a família sabe que estão sendo concluídos os laudos solicitados no inquérito, mas pede agilidade na investigação. “Não vamos nos calar e vamos persistir para que os fatos sejam esclarecidos”, declarou.

Ainda, de acordo com ela, alguns pertences de Julio Cesar ainda não foram entregues à família. “A mochila dele com os equipamentos de pesca e a aliança de ouro não foram devolvidos à família. Questionamos os órgãos competentes que nos informaram que nada disso foi encontrado no local onde o corpo foi encontrado”, afirmou.

Família de pescador morto por GM’s fará novo protesto

A familiar voltou a lembrar que Julio Cesar era uma pessoa calma e querida por todos. “Ele nunca fez apologia a nenhum tipo de crime, nunca andou armado. Era um homem trabalhador, que estava há 17 anos na mesma empresa. Residia no mesmo endereço há mais de 20 anos. Até mesmo no Facebook, centenas de pessoas dizem que o conheciam e que ele era uma pessoa de bem”, ressaltou, lembrando, ainda, que Julio Cesar deixou esposa e dois filhos pequenos.

Com sentimento de angústia, por querer saber o que de fato aconteceu, pessoas que conviviam com a vítima participarão da manifestação no sábado. “Faremos nosso protesto com chuva ou sol. A revolta pela morte do Julio é grande, mas temos fé que os fatos ainda serão esclarecidos. Iremos nos concentrar às 15h30 em frente à PMA e iniciar a caminhada às 16h”, disse a familiar.

POLÍCIA CIVIL E SMSP

A Polícia Civil segue investigando o caso e solicitou o apoio da população para que a verdade real venha à tona. “Continuamos a procura do segundo suposto indivíduo que estava com Julio Cesar, de acordo com os guardas municipais”, disse o superintendente Rosaldo Dias, garantindo total imparcialidade na elucidação dos fatos.

O secretário de Segurança Pública de Araucária, José Fortes, informou que os dois guardas envolvidos seguem afastados da corporação em férias. “Ao retornarem das férias, eles serão encaminhados à serviços administrativos”, afirmou.

RELEMBRE OS FATOS

Na noite em que tudo aconteceu, os GM’s teriam avistado dois elementos saindo de um matagal e desconfiaram da atitude da dupla. Assim, os guardas teriam ligado as sirenes da viatura e dado voz de abordagem, mas os indivíduos não teriam acatado à ordem, sacado uma arma e disparado contra a guarda, que veio a revidar.

Na suposta troca de tiros, Julio Cesar foi atingido e o outro rapaz teria fugido pelo matagal, não sendo localizado posteriormente. O Siate foi acionado, mas quando chegou ao local a vítima já estava morta.

No dia seguinte, 10 de dezembro, a família da vítima manifestou-se sobre o ocorrido, afirmando que a versão dada pelos guardas municipais não era verídica, mesmo porque Julio não tinha envolvimento com o mundo do crime, muito menos andava armado, e que também não tinha nenhum tipo inimizade nem antecedente criminal.

Segundo os familiares, Julio Cesar teria saído de casa no sábado, por volta das 18h30, para pescar. Por isso, não teria levado documentos e nem o celular, apenas os materiais para pesca.

Outro ponto que deve ser esclarecido no inquérito é com relação ao simulacro que os guardas apresentaram como sendo de Julio. Isto porque, se de fato o simulacro estivesse em posse da vítima, os GM’s não poderiam ter recolhido da cena da ocorrência, e sim a Polícia Científica. Na data, o delegado Messias da Rosa, que estava à frente das investigações, comentou que com isso a apuração foi prejudicada e que desta forma seria verificado se houve fraude processual.

O secretário de Segurança Pública, dias após o fato, disse que a secretaria iria contribuir com tudo o que fosse necessário para descobrir como o fato ocorreu realmente, se houve, ou não, alguma irregularidade. Ainda, conforme nota divulgada pela GMA, “a corporação não pode ser condenada e julgada por um ato isolado, haja vista que é notório a quantidade de serviços relevantes que tem prestado a comunidade araucariense em 14 anos de atividade”.

Familiares de Roni Fabricio também participarão do protesto

Família de pescador morto por GM’s fará novo protesto

A família e amigos de Roni Fabricio da Silva, 31 anos, morto em 15 de abril de 2015, também participará do protesto no sábado.

Tudo começou quando dois assaltantes invadiram um mercado na rua Janaína Assef, no conjunto Tayrá, bairro Cachoeira. Os bandidos estavam armados e teriam feito ameaças no local. Na fuga o alarme disparou, assustando os meliantes.

O comerciante Roni, que fazia entregas de pães no mercado, percebeu o assalto e, quando outro carro que passava pelo local começou a buzinar e os bandidos fugiram a pé, Roni teria saído em perseguição com o furgão da fábrica, na tentativa de capturá-los.

Momento em que guardas municipais que patrulhavam a região também perceberam o assalto e saíram em perseguição aos marginais. Houve intensa troca de tiros e Roni acabou sendo baleado e não resistiu aos ferimentos.

Acontece que o tiro que matou Roni teria sido disparado por um guarda municipal. Segundo informações repassadas pela família e também pela Delegacia de Polícia Civil de Araucária dois guardas foram indiciados, um por tentativa de homicídio e o outro por homicídio.

De acordo com a irmã de Roni, os envolvidos já foram ouvidos e agora o processo se encaminhou para a sentença do juiz. “Tudo leva a crer que irá a júri popular, mas ainda cabe recurso, conforme explicou o nosso advogado”, disse a irmã, Judite Fabricio.

Segundo ela, “para a família é muito difícil ter que esperar os trâmites da Justiça, pois são quase três anos árduos de luta, dor, saudade e muita esperança”. Ela comentou que recentemente encontrou um dos acusados na rua. “Eles levam uma vida normal, trabalhando como se nada tivesse acontecido. Já nós, temos que viver com a perda de uma pessoa maravilhosa, e até agora nós fomos os únicos atingidos”, lamentou.

Judite, no entanto, aproveitou para agradecer o Ministério Público. “Agradeço de coração o Promotor e as Analistas Jurídicas que são anjos enviados por Deus. Sempre nos trataram muito bem e com muita atenção”, reconheceu.

Judite contou que, de acordo com o que acredita o advogado, neste ano a sentença do júri deve sair e até o fim de 2019 o processo deve ser concluído. “Temos que ter pulso firme. Mas tenho a certeza de que tudo se encaminhará como deve ser”, finalizou.

No protesto, contando com as pessoas que vão manifestar-se em relação a Julio Cesar e também as que irão em favor de Roni, são esperadas cerca de 500 pessoas.

 

Publicado na edição 1095 – 11/01/2018

 

Fotos: Marco Charneski e divulgação

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