Em nova fase da Fim de Feira, 6 se tornam réus por corrupção

Em áudio, Guilherme promete pagar “a parte” de Estácio no esquema no outro dia, porque a grana ainda não teria “entrado”
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Em nova fase da Fim de Feira, 6 se tornam réus por corrupção
Em áudio, Guilherme promete pagar “a parte” de Estácio no esquema no outro dia, porque a grana ainda não teria “entrado”

 

O Ministério Público de Araucária deflagrou esta semana a quinta fase da operação Fim de Feira, que investiga um esquema de corrupção que se instaurou na Prefeitura da cidade no segundo semestre de 2016, quando Rui Sérgio Alves de Souza assumiu o comando do Município.

Nesta quinta fase o juiz Sérgio Bernardinetti transformou em réus seis pessoas: Rui, Joasiel Guilherme Soares, Fabio Antonio da Rocha, Estácio Issami Hara, Gilberto Chuji Hara e Arnaldo Scherer dos Santos. O primeiro e o segundo são apontados como os cabeças da quadrilha. Fábio e Estácio eram secretários de Finanças e de Obras Públicas da Prefeitura, respectivamente. Gilberto é irmão de Estácio e ajudou na facilitação do esquema com a empresa HD Construções e Empreendimentos Ltda, representada por Arnaldo.

Na nova fase da Fim de Feira, Rui e Guilherme tiveram nova prisão preventiva decretada. Como o ex-prefeito já estava preso, o cumprimento foi meramente administrativo. Já Guilherme foi buscado em casa na tarde desta quarta-feira, 28 de março. Ele estava em prisão domiciliar, mas a Justiça entendeu ser possível seu retorno ao regime fechado. “Cessada a razão sanitária que determinou sua colocação em liberdade, por não haver risco à sua integridade física, eis que o CMP possui os equipamentos necessários para garantis sua saúde, entendo que não há mais óbice ao retorno do representado Joasiel Guilherme Soares ao Complexo Médico Penal, seja pela prisão preventiva decretada neste expediente, seja pelas demais prisões”, escreveu Bernardinetti.

Já Estácio, Gilberto e Arnaldo, embora tenham ganhado o direito de responder ao processo em liberdade, precisarão, entre outras medidas, colocar tornozeleira eletrônica e pagar fiança no valor de cinquenta salários mínimos. A Fabio, que era secretário de Finanças e assinou acordo de delação premiada com o MP, não foram impostas cautelares.

Em nova fase da Fim de Feira, 6 se tornam réus por corrupção
Em outra mensagem, Guilherme confirma se o valor da propina é R$ 26 mil mesmo

Propina

A nova fase da Fim de Feira diz respeito especificamente ao pagamento de propina pela empresa HD Construções e Empreendimentos Ltda. em troca do aditamento de contratos que mantinha com a Prefeitura de Araucária. A propina, segundo o MP, teria sido de – pelo menos – R$ 26 mil. São provas dos ilícitos, destacam os promotores João Carlos Negrão, Karinne Romani, David Kerber de Aguiar, Josilmar de Souza Oliveira e Thiago Artigaz Niclewicz, que assinam a denúncia, mensagens de áudio encontradas nos celulares dos réus.

Na decisão que recebeu a denúncia contra o sexteto pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, o magistrado enfatiza que são quadrilhas como a que se instalaram na Prefeitura de Araucária as responsáveis por todos os demais males que assolam a sociedade local. “A corrupção, vale relembrar, é o mais grave de todos os crimes existentes, porque dela decorrem todos os demais. O latrocínio, o homicídio, o roubo, o tráfico de drogas, seriam todos meros exemplos de manuais acadêmicos se toda a população tivesse acesso a educação, a segurança, a saúde, ainda mais tomando por base a elevadíssima carga tributária do país. Este município, com dimensões e população reduzidas e detentor de um dos maiores PIBs do Estado do Paraná, pela arrecadação que possui, deveria retornar à sua população serviços públicos dignos de ruborizar os mais sérios governantes dos países nórdicos, famosos pelas condições quase perfeitas de vida. Lamentavelmente, não é a realidade que se vê. Ao contrário. Houve, no final de 2016, verdadeiro caos na administração pública municipal, e não é exagero afirmar que grande parte, se não a totalidade, da situação calamitosa que o cidadão araucariense teve que enfrentar decorreu dos crimes praticados pela Organização Criminosa ora investigada”, escreveu.

Quando devidamente citados, os seis réus terão dez dias para apresentarem suas defesas.

 

 

Texto: Waldiclei Barboza /  Fotos: reprodução

Publicado na edição 1106 – 29/03/2018

Compartilhar
PUBLICIDADE