“Ex” de vereador afirma que ele jamais lhe bateu

Vereador foi levado para a Delegacia, pagou fiança e foi liberado. Agora diz que irá representar contra os dois guardas municipais
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“Ex” de vereador afirma que ele jamais lhe bateu
Vereador foi levado para a Delegacia, pagou fiança e foi liberado. Agora diz que irá representar contra os dois guardas municipais

 

Detido na noite do último domingo, 4 de dezembro, pela Guarda Municipal de Araucária acusado de violência doméstica o vereador Celso Nicácio (PSL) afirma que jamais encostou um dedo que fosse na ex-esposa. Na tentativa de provar o que diz, inclusive, afirma que irá apresentar em Juízo uma declaração assinada pela própria suposta vítima de que não houve qualquer tipo de agressão física, apenas uma discussão por telefone entre ambos.

Na declaração (reproduzida na íntegra abaixo) a ex-esposa de Nicácio, Gislene Lourenço dos Santos, diz que nunca foi agredida fisicamente. “O que houve entre nós foi um desentendimento via telefone”, escreveu. No documento, intitulado Nota de Esclarecimento, a assinatura da ex-esposa foi reconhecida em Cartório.

Ainda segundo Gislene, sequer foi ela quem chamou a Guarda Municipal para atender a ocorrência de suposta violência doméstica. “Esclareço que não fui eu quem chamou a Guarda Municipal”, afirmou. Gislene acrescenta ainda que quando viu os guardas já estavam em frente à sua casa, na rua Grevilha, no bairro Campina da Barra. “Prontamente atendi os dois agentes e pedi para que conversassem com o Celso para ele ir embora daquele local. Ainda recomendei aos agentes que não fizessem uso de violência, pois o mesmo (Nicácio) tinha feito cirurgias na coluna”, acrescentou.

A versão de Nicácio

Sobre o assunto, o vereador Celso Nicácio procurou nossa reportagem para esclarecer que durante todo o domingo esteve fazendo visitas a moradores da região do Campina da Barra, seu reduto eleitoral. “Estava sim utilizando o carro cedido a meu gabinete pela Câmara, assim como fazem todos os vereadores, já que este veículo nos é entregue no início do mandato. O combustível que utilizamos, no entanto, é pago com o meu salário”, afirmou.

Na versão do edil, entre uma visita e outra, ligou para Gislene, com quem tem um filho. “Embora eu esteja separado dela, sempre conversamos. Amo esta mulher e, embora estejamos oficialmente separados, já tivemos vários retornos. Infelizmente, somos cabeças duras e sempre acabamos discutindo, mas nunca relei um dedo nela. Nossas discussões são sempre por telefone e foi o que aconteceu neste dia. Como não queria terminar o domingo brigado com ela, disse que iria até a casa dela para conversarmos e foi isso o que eu fiz”, acrescentou.

Ainda conforme Nicácio, ele parou o carro próximo a casa de Gislene e ficou lá esperando para conversar com ela. Algum tempo depois viu uma viatura parada em frente à casa da irmã da ex-companheira, que fica ao lado. “A Gislene estava na casa da minha cunhada e quando o carro da Guarda parou lá, eu simplesmente não poderia ter saído dali, até porque não devia nada. Foi então que os agentes vieram em minha direção. Eu desci do carro, eles pediram meus documentos, eu os entreguei, perguntaram o que eu fazia e disse que era vereador, pois esta é minha ocupação no momento. Jamais dei carteirada ou algo assim”, garante

Nicácio afirma ainda que os guardas foram extremamente agressivos com ele. “Como vi que eles não estavam muito dispostos a conversar, pedi meus documentos novamente, foi quando um dos guardas deu alguns passos para trás e pediu para que o outro desse um choque em mim. Eu disse que não precisava daquilo, mas mesmo assim o outro guarda atirou no meu peito. Eu cai, eles me agrediram mais um pouco, colocaram minha mão para trás e me algemaram. Eu continuei dizendo que não precisava daquilo, foi quando o guarda disse para o outro me dar outro choque. Eu, de joelhos e algemado, tomei outro choque. Em seguida fui jogado dentro de uma viatura. Por conta de tudo isso, estou representando contra esse dois guardas na Ouvidoria da GM, bem como no Ministério Público que atua na fiscalização da atividade policial, pois o que eles fizeram comigo foi tortura”, afirma
Nicácio diz ainda que é um defensor do trabalho da Guarda Municipal e que acredita que a grande maioria dos guardas honra a farda da corporação e que respeita os direitos de todos os moradores de Araucária. “É por respeitar a Guarda que precisamos combater atitudes como essas”, disse.

“Ex” de vereador afirma que ele jamais lhe bateu
Ex-esposa fez um “nota de esclarecimento” um dia após a confusão, reconheceu firma da assinatura e inocentando Nicácio

O outro lado

Embora Nicácio e sua ex-esposa estejam dando versões que colocam dúvida a ação da Guarda Municipal, a informação obtida pelo O Popular com a corporação é a de que os guardas sustentam que o vereador teria tentado se utilizar do cargo que ocupa para não ser detido, afirmando que seria amigo do prefeito e do secretário de Segurança.

Os guardas ainda teriam testemunhas de que o vereador ficou gritando por cerca de quarenta minutos em frente à casa da ex, numa atitude transtornada. Uma destas, inclusive, seria a própria irmã de Gislene. Foi essa irmã, aliás, quem ligou para a central de atendimento da GM solicitando a presença de uma viatura no local, pois Nicácio estaria transtornado e ameaçando a ex. Como todas as ligações feitas para a GM ficam gravadas, esse áudio seria mais uma prova de que os guardas só foram ao local após o pedido de ajuda da cunhada do vereador. Haveria ainda filmagens feitas pelos próprios agentes que atenderam a ocorrência que corroboram isso.

Ouvidoria

Questionada sobre o fato, a Guarda Municipal informou que, caso o vereador realmente protocole na Ouvidoria da corporação uma reclamação quanto a postura dos guardas será instaurado um procedimento para averiguar a denúncia.

 

Texto: Waldiclei Barboza/ Foto: Marco Charneski

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