Nota da Educação em Araucária é pior do que a média brasileira

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Nota da Educação em Araucária é pior do que a média brasileira

 

Embora Araucária seja uma das cidades mais ricas do Brasil, seguimos derrapando naquela que deveria ser a principal política pública dos municípios que realmente desejam desenvolver sua população: a Educação!

Pelo menos é o que mostra os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma iniciativa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Para se ter uma ideia, o Ideb de Araucária consegue a proeza de ser inferior ao do Brasil em todas as fases do conhecimento medidas: 4º e 5º ano, 8ª e 9ª ano do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio.

Isto mesmo, a cidade que tem um dos maiores gastos proporcionais por habitante com Educação do país consegue ter notas piores em termos de Ideb do que a média brasileira. Nosso Ideb de 4ª e 5ª série em 2017, por exemplo, foi 5.6 contra 5.8 do Brasil. Quando a fase analisada é 8ª e 9ª série, conseguimos ser piores ainda e tiramos 4.5, também abaixo da nota brasileira, que foi 4.7. Mais sofrível ainda é quando a série avaliada é o 3º ano do Ensino Médio: temos nota 3.6 contra a média nacional, também pífia, é 3.8.

O cenário só piora quando comparamos nossas notas com as obtidas pelo Paraná. No caso da medição do Ideb feita nas 4ª e 5ª séries, o Estado obteve média de 6.5 contra nossos 5.6. A nota dos 8º e 9º foi 4.9 contra 4.5 do Município. Na avaliação do 3º ano do Ensino Médio a vergonha permanece: tiramos 3.6 contra 4.0 do Estado.

O Ideb, para quem está se perguntando, “mas que é índice é esse?”, atualmente é a principal métrica da Educação brasileira. Ele foi criado justamente para mensurar o desempenho do sistema educacional do país a partir da combinação entre a proficiência dos estudantes, obtida no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), e o indicador de taxa de aprovação, que tem influência na eficiência do fluxo escolar e é obtido por meio do Censo Escolar.

Outro ponto preocupante quando se analisa as notas obtidas por Araucária no Ideb é o fato de que a cidade não consegue alcançar a chamada “meta projetada”, que foi estipulada pelo Inep lá em 2005 e levou em conta o estágio do desenvolvimento educacional do Município naquele ano. Para se ter uma ideia, essa meta projetada estipulou que a nota de nossa cidade em 2017 para as 4ª e 5ª séries deveria ser 5.9 e tiramos 5.4. Este é o Ideb que deveríamos ter atingido lá em 2013. Ou seja, estamos atrasados em, no mínimo cinco anos, em termo de qualidade de ensino.

O cenário sofrível também permanece quando as séries analisadas são a 8ª e 9ª. Pela projeção, em 2017, já deveríamos estar com média 5.3 e estamos com 4.3, nota que deveríamos ter alcançado em 2011. De novo, o que temos é um “déficit educacional” de oito anos.

Já no caso do 3º ano do Ensino Médio, não houve projeção de metas estipuladas pelo Inep para 2017.

De quem é a culpa?

Obviamente, sempre que nos vemos diante do leite derramado, a tendência é sempre procurarmos alguém para botarmos a culpa. Sabe-se, no entanto, que em se tratando de Educação, a culpa geralmente é de todos os envolvidos: governos, famílias e sociedade como um todo, já que é notório o fato de não priorizarmos essa área em nossas escolhas. Tal comprovação, diga-se de passagem, pode ser corroborada com recente pesquisa feita pelo O Popular e que perguntou aos entrevistados qual deveria ser a principal ação do governo municipal nos próximos dois anos e meio de gestão. Educação apareceu apenas em terceiro lugar, com míseros 8,4% dos apontamentos contra 14,3% de segurança (2º lugar) e 61,4% de Saúde (1º lugar).

Há que se destacar também que, pessoas ouvidas por nossa reportagem, as quais pediram para não ter seus nomes identificados, já que analisaram os resultados do Ideb com base em suas vivências no chão de escola e não em pesquisas estatísticas e coisas do tipo, a Educação em Araucária passa por momento complicado em razão de opções históricas feitas pela cidade. Por exemplo, até bem pouco tempo, a Prefeitura era responsável pela manutenção das séries finais do Ensino Fundamental quando, na maioria de outros locais, tal encargo era prioritariamente do Governo do Estado.

Isto fez com que a cidade não direcionasse seus esforços unicamente para a Educação Infantil e séries iniciais.

Agora, aos poucos, a responsabilidade pelas séries finais está sendo devolvida ao Estado, que não necessariamente está investindo pesado para absorver tal encargo. Um bom exemplo disso é o fato de que boa parte dos colégios estaduais funciona em prédios pertencentes ao Município.

Essa falta de, digamos assim, foco também complica o meio de campo na hora de analisar de quem é a responsabilidade pelos números baixos do Ideb. Afinal, no caso dos alunos das séries finais, ainda temos hoje parte dessa etapa do ensino sendo ofertada pelo Município e outra parte pelo Estado.

O que diz o secretário?

Questionado sobre os resultados do Ideb, o secretário municipal de Educação, Henrique Rodolfo Theobald, disse que os números estão sendo alvo de um amplo debate com as coordenações da Secretaria Municipal de Educação (SMED) e que, em breve, será promovido um estudo com todas as escolas municipais.

Ele ainda ponderou que, embora na média, a nota de Araucária nas série iniciais tenha subido de 5.4 para 5.6, houve piora individual da média de nove instituições mantidas pela Prefeitura. “Na média melhoramos, mas ainda estamos muito longe da meta. Estamos fazendo um trabalho para que os resultados melhorem consideravelmente na próxima medição do Ideb. Nosso foco é 2019”, garantiu.

E a escola de seu filho?

As famílias que desejarem também podem conferir as notas individuais de suas escolas no site do Inep. Anote aí o endereço: www.inep.gov.br.

Texto: Waldiclei Barboza

Publicado na edição 1130 – 13/09/18

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