O perigo do ativismo

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A visita de Jesus para as irmãs Marta e Maria nos apresenta uma Marta muito preocupada com as tarefas da casa, sem tempo para acolher e estar com o Mestre. Maria, pelo contrário, deixa tudo o que está fazendo, e fica sentada aos pés do Senhor para escutá-lo com muita alegria e muita atenção. Esta atitude irrita Marta, que continua trabalhando e admoestando a sua irmã por abandonar a tarefa da casa, e dedicar seu tempo para Jesus. Ao ouvir suas murmurações, o Mestre a admoesta porque ela está muito perturbada e muito agitada. Maria, diz ele, escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada. Ou seja, escolheu silenciar, parar, rezar para resgatar suas energias perdidas e retomar o trabalho com muito mais empenho, alegria e dedicação.

Neste texto, Jesus claramente não é contra o trabalho, mas sim, contra o ativismo. Marta foi incapaz de parar para dar atenção ao Senhor, porque estava toda envolvida pelas preocupações da casa. Isto não quer dizer que Maria fosse uma preguiçosa, despreocupada, ela simplesmente deixou as atividades de lado naquele momento, pois a presença do Senhor era muito mais importante. Depois de ter estado aos pés de Jesus, ouvido suas palavras, ela retomou de modo mais tranquilo às tarefas cotidianas. Marta, provavelmente depois de ter ouvido as admoestações, deu-se conta que estava muito agitada e mudou o seu jeito de ser e de trabalhar.

O ser humano pós-moderno vive muito agitado, preocupado, correndo de um lado para o outro, e por vezes, não encontra tempo para o Senhor. É comum ouvir as pessoas dizerem que não vão para a missa, porque estão muito cansadas, atarefadas e com tantas coisas para resolver. Elas esquecem a importância sagrado, do transcendente, e vivem em função das coisas materiais, das preocupações deste mundo, como se isso pudesse responder a todas as necessidades humanas. E a falta de oração, de silêncio, de estar aos pés do Senhor, acaba criando um ativismo, que gera um esvaziamento interior.

Somos seres corpóreos, físicos, e diariamente lutamos por nossa sobrevivência neste mundo. Queremos oferecer o melhor para os nossos filhos, e, deixar para eles um mundo melhor. São motivações justas e responsáveis da parte dos pais, mas, esta busca não pode ser movida em detrimento à dimensão espiritual. Somos seres que apontam para o alto, porque é para lá que caminhamos, como nos diz São Paulo. Quando nos perdemos na busca desenfreada das coisas materiais, ignorando a importância dos momentos diários de encontro com Deus, nos esvaziamos e nos estressamos e facilmente perdemos a direção da nossa existência.

Faz-se necessário no nosso dia a dia, encontrar momentos de silêncio, de solidão, de oração, de aprofundamento da nossa fé. O próprio Mestre nos deu o exemplo, quando diariamente se retirava, para, no deserto, conversar com o Pai. Estes momentos de encontro renovavam nele as energias e a contínua entrega em prol da construção do Reino de Deus. Assim também, cada um de nós é um ser espiritual, incapaz de viver sem esta dimensão tão essencial e fundamental em sua existência. Encontrar momentos para estar com o Senhor, para rezar, conversar com o Pai, renova em nós o verdadeiro sentido da nossa presença neste mundo. Aprendamos com Maria a estar com o Senhor, e, assim, cheios da sua presença, darmos um sentido novo e cheio de amor às nossas ações no cotidiano da vida.

Publicado na edição 1172 – 18/07/2019

O perigo do ativismo
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