Adeus, meu amigo Mielle!

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Na semana passada, Arau­cária perdeu uma de suas mais alegres e conhecidas personalidades. Com apenas 59 anos, o advogado Vicente Mielle nos deixou após uma longa e árdua batalha contra um câncer. Fiquei muito triste ao saber da notícia. Tive com ele uma forte amizade, baseada no respeito e no companheirismo, que se iniciou quando fui delegado de Polícia na cidade, entre os anos de 2008 e 2010.

O que mais chamava a aten­ção no Mielle, num primeiro contato, era a sua espontaneidade e bom humor. Sempre com sorriso largo, era do tipo de pessoa para quem “não havia tempo ruim”. Com um pouco mais de convívio, já seria possível perceber o seu talento para a música e, principalmente, o samba. E, por fim, passaria a admirar o seu imenso coração solidário, que ajudava a todos. Foi um grande líder comunitário.

Foi na conjugação desses dois traços de sua personalidade que tive a melhor experiência com o Mielle. Na minha primeira incursão na política, fui convidado a ser candidato a deputado estadual pelo PV em 2010. Sem estrutura e sem dinheiro, comecei a preparar a minha campanha. Daí, fui vendo as dificuldades de concorrer a uma eleição sem o devido amparo financeiro. Mielle, vendo a minha agrura, chamou-me para uma conversa.

Naquele dia, tive uma das maiores alegrias daquela difícil campanha. Mielle me presenteou com um jingle (música de campanha) que havia composto com o seu inseparável parceiro de samba, o Ciro. Era uma canção belíssima que traduzia exa­tamente o que eu queria dizer como candidato. Me emocionou tanto a letra, quanto a melodia.

A partir daí nossa amizade só fortaleceu. Além do jingle de graça, Mielle se empenhou na minha campanha de corpo e alma, conquistando votos e me apresentando às mais diversas pessoas e lideranças de bairros. E, como prova de seu caráter inquestionável, jamais me pediu nada em troca. Nem mesmo agora, quando no ano passado, assumi uma cadeira de titular na Assembleia Legislativa.

Mielle partiu na semana passada deixando marcas profundas na sociedade de Arau­cária. Sem dúvida, foi como carnavalesco que se destacou. Chegou em Araucária em 1984 vindo de São Paulo, como repre­sentante comercial de uma das marcas de roupas da Alpargatas. Depois tornou-se comerciante, dono de uma panificadora. Bata­lhador incansável, cursou Direito já com a idade avançada.

Quando jovem, morou no Rio de Janeiro e fez parte da Beija-Flor de Nilópolis. Em Curitiba, desfilou na Mocidade Azul e foi compositor de diversos sambas-enredo. Sinto que tenha nos deixado tão jovem. Mas tenho certeza que, lá de cima, Mielle continuará jogando a sua alegria sobre nós para que possamos continuar sempre confiantes nesta vida.

 

Publicado na edição 1098 – 01/02/2018

Adeus, meu amigo Mielle!

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