Mortadela

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A hora do chimarón, ansim no finalzinho da tarde quando iéu esquentando água no fogón de lenha e se assentando no banco da varanda pra iscuitar os canto dos passarinho se dispidindo do dia e ponhando os pijama de asa, o céu ficando de tudo quanto a cor dando passage pro sol que já fazéndo o sirviço do dia e indo briár nas otras terá. Noite se achegando e uns pontinho luminoso começando a ter força, depindurado na iscuridón, von reconhecendo o caminho pra anunciar a chegada da lua que clareia meus pensamento mais pecaminoso. Redondona e cheia de mancha me alembra Vanirda, dentro daquele vestido floriado de chita ton grudado nas pelanca que corpo parecendo uma mimosa, os ubre quase saltando pra fora como dois travessero de pena encima da piegena. As perna grossa, parecendo um par de casca de palmera, os braço forte que nenhum dos piá se ariscava um abraço com medo de ser esmagado por um rolo compressor, a cara sardenta que a sobrancéia verméia parecendo non ter fim, os cabelo despentiado me dava entender de onde vinhon as vassora de piaçava. Mais Vanirda escondia uns zóio triste detrais daquele zócro de fundo de garafa e iéu já achegando a ver rosto escorendo água quando iéla devorava uma galinha intera, rapaziada dizendo que lágrima saiéndo porque boca sendo muito grande e pressionando as glanda lacrimal que ném nos jacaré mais eu mesmo achando que sendo a galinha que estando muito apimentada. Mais zoiando pra Lua, que de certa fórma, também se parecendo triste por estar sozinha iéu pensando na Vanirda, sozinha na escuridon. Iéu enchendo mais uma cuia e sentindo a água quente invadindo garganta, passando pelo zófo e indo pingar gota a gota no coador do estomo, viajando nos pensamento imaginário inté detráis do paiol e lá vem se achendo uma parede com perna de palmera, parecendo que dançando na onda do mar, iéu vendo o brilho do oro dos pivô da boca e os cabelo cutucando o céu. Os poco os passo paron de fazer baruio e no iscuro a sombra cubrindo meu corpo, retirando meu chapéu, e com delicadeza de um trator os boton da camisa sai cortando vento como tiro de espaia chumbo. As perna da calça se abrindo que nem que se abre saco de batata pra fazer pano de prato na velocidade de um peido. O vestido floriado virando lençol depindurado no varal, as ropa de baxo iscundida como se encravada na pele e as de cima como alicerce de construçón segurando duas betonera de peito. Iéu quase me sentindo esmagado por iéste desejo de merguiar no tanque de lama. Os piu das curuja fazem o solo na orquestra de grilo onde os sapo fazem a percursón do meu coraçón. Os morcego carégon meus pensamento para o breu do passado por non ter aproveitado a ocasion. Ansim, despois da ultima cuiada entrando e me desustando num pedaço generoso de mortandela pra fazer de conta que iéu estando de volta naquele momento, mortandela, redonda, cheia de gordura, um delicia de comer mais ninguém conta que comeu, só fica o chero da saudade.

Publicado na edição 1142 – 06/12/18

Mortadela

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