Será Que Sendo a Bigair?

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Iéu andando pela rua da cidade quando vindo de frente na calçada uma moça dentro duma saia vermeia xadrezinha e com uma destas camisa branca meio aberta mostrando as volta onde imaginaçón core solta, segurando uma bolsa com uma mon e o cebular nos zovido, iéu zoiando e pensando, será que sendo a Bigair? Passô por iéu que nem me vendo e saiéu mechendo bunda quando se equilibra nos salto alto, balançando os cabelo solto na direçón do vento. Iéu ficando paradón vendo iéla dobrando isquina em direçón da perfetura. Sabe, curosidade batendo, iéu saiéu corendo pra ver se alcançando iela e foi siguindo de longe, iéla cruzando rua e entrando da perfetura sem tirar cebular dos zovido. Por sorte inda viu iéla entrando no elevador e porta fechando. Iéu ansim pensando, non podendo ser a Bigair, a muiér do Tirso que trabaiava de casero na chácra dos granfino, que piscava os zoio pra iéu quando Tirso indo pra cidade, que se achegava lá em casa pra empresar lenha pra fazer almoço e iéu quando levava com carinho de mon iéla preguntava se iéu non querendo ponhar lenha da foguera. Non podendo ser a Bigair, iéla sendo ansim ton cuidada, vistia, coitada, umas camiseta branca que quando varia quintal em dia de chuva aparecendo as jabuticaba do peito, dexava os cabelo moiado e escorendo água pela cara e me zoiava com os zoio baxo de quem toma comunhon. Que se iscuindia drento do paiol de mio pra dexar as ropa na janela pra secar e ficava só me ispiando pela fresta da porta. Iéu ficando paradon na frente do elevador e matutando nas cabeça, será que sendo a Bigair? Se fosse iéla pelo menos tinha me zoiado na cara e agradecido daquela noite que Tirso viajando e iéla com medo de morcego veio pedir poso lá em casa, iéu inté lençol sem furo colocando no coxon de paia do quarto da falicida bapka e tirando pó dos travessero de pena de ganso, pegando a piegena da Flortcha pra iéla non passar frio na madrugada, iéla dizendo que estando com uma fome danada proque Tirso ultimamente non dando no coro de fazer o que iéla percizando, porque bebendo muita cachaça, iéu entendendo recado e preparando uma fritada de sperka com broa. Iéla, coitada, naquela noite dizendo que iscuitando baruio de alma depenada e preguntando se podendo drumir na minha cama e iéu dizendo que podendo, e trocô de quarto com iéla, indo drumir no quarto da Babka. Notro dia em vez de agraceder ainda deu tapa na minha cara me chamando de buro. Mais, será que sendo a Bigair? Se sendo o que iéla estando fazendo na perfetura? Será que conseguindo emprego de diarista? Non, Diarista non se vistindo que nem gente rica. Será que vindo falar com perfeito? Non, perfeito non atendendo quarquer um. Será que sendo vendedora da Avon e vindo vender pras funçonaria? Non, non podendo proque senon estando com sacola na mon que nem as vendedora da perfetura. De repente, porta do elevador se abrindo e adivinhe quem estando na minha frente? Iéla. Me zoiô e deu bolsada na minha cara e saiéu balançando bunda pra fora da prefetura. Iéra mesmo a Bigair!

 

Publicado na edição 1099 – 09/02/2018

Será Que Sendo a Bigair?

Compartilhar
PUBLICIDADE