A sublime arte de educar

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Nascemos animais, nos tornamos gente! Este é, no fundo, o grande papel da educação: tornar-nos humanos. Aprendemos a ser gente, através dos nossos primeiros educadores: os nossos pais. A presença deles é imprescindível para o bom desenvolvimento do filho. Para isso, faz-se necessário o sublime equilíbrio entre firmeza – limites e ternura – carinho. Quando existe o excesso, enaltecendo um lado e desprezando o outro, o ser humano cresce desiquilibrado. É preciso encontrar o meio termo, que ajude o educando a crescer de modo saudável. Tarefa nem sempre fácil para os pais, tendendo valorizar um aspecto, em detrimento do outro. No passado era muita firmeza e pouca ternura; hoje, a tendência é dar muito carinho, ignorando a firmeza.

Tenho insistido muito na falta de limites, sobretudo nos primeiros anos de vida, quando a criança tende a dominar os seus pais. Não é fácil dizer um não, mas ele é fundamental para que a criança aprenda o que pode e aquilo que ela não deve fazer. Muitos pais dizem sim para todos os gostos e desejos do filho, com medo de traumatizá-lo. São, no fundo, os reflexos da sua educação que foi muito pautada na dureza, nas regras, na disciplina, no rigor tantas vezes exagerado e desproporcional. Não querem então repetir o que os seus pais lhes transmitiram, mas acabam pecando pelo excesso de ternura, passando para o outro extremo, onde a criança pode tudo, só com direitos e sem deveres.

Educar é saber dizer ‘não’ na medida certa, e porque não dizer, é também dizer ‘sim’ na mesma proporção. Quando existe exagero de um lado: muito sim e por outro lado: nunca não, a criança crescerá sem saber o que é certo e o que é errado. Achará que pode tudo, e que ninguém tem autoridade sobre ela. Isso é tremendamente nocivo e trará graves consequências no futuro, pois ela não saberá administrar os muitos ‘não’ que a vida vai lhe proporcionar. Quem não aprende a gerir as frustrações desde pequeno, porque sempre muito protegido pelos pais, não suportará as decepções que naturalmente encontrará ao longo da sua vida. É impossível um mundo onde tudo converge para o seu bem. As perdas e frustrações vão surgir no decorrer da sua existência.

Os pais são os primeiros educadores, mas nem sempre eles exercem com propriedade esta sua missão. Tantas vezes, por causa de uma vida agitada e distante dos próprios filhos, falta-lhes o devido acompanhamento. A escola, então, acaba assumindo este papel, que no passado era claramente reservado aos pais. Tantos filhos chegam para a escola sem saber o que são limites. Vemos, então, crianças desrespeitosas, adolescentes agressivos, a ponto de investirem contra os professores. Em muitos casos, os próprios pais, no afã de defender seus filhos, desautorizam os professores na arte de educar. Estes confundem então amor com permissividade, ternura com desleixo, de certo modo justificando os erros dos próprios filhos.

Na sublime arte de educar, o professor exerce uma função impar na sociedade. Além da instrução, que é o primeiro grande objetivo de uma escola, os professores são chamados a impor limites, a exercer esta missão com firmeza, com critérios, normas e disciplina. Apesar de árdua e exigente esta tarefa, ela é nobre e sublime. Sua missão é educar pessoas para serem cidadãos comprometidos e responsáveis na construção de um mundo melhor.

Apesar de tantos percalços na labuta diária, a sua missão é simplesmente honrosa, única e insubstituível. Parabéns neste seu dia, e continue exercendo com amor e dignidade a sublime arte de educar.

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