A vida e os seus mistérios

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Esses dias atrás eu fui visitar um doente e fiquei muito impressionado com a sua história. Até ano passado, este senhor de 45 anos estava com saúde perfeita, trabalhando numa fazenda no Mato Grosso. De repente, começou a inchar o seu rosto e ele achou que fosse apenas uma dor de dente. O inchaço foi aumentando e quando descobriu, era câncer, já em estado avançado. Nesse momento ele mastiga com dificuldade, e o seu lado direito tem uma verdadeira bola. Ele está consciente da gravidade do seu problema e me disse, de modo bastante resignado, ‘a vida é um nada; ontem eu estava com perfeita saúde e hoje, estou nesse estado’. Isso mexeu comigo, pois a sua fala era muito sincera e bastante conformada. Pensei nesse grande mistério que é a vida, pois de uma hora para outra, acontecem verdadeiras reviravoltas totalmente inesperadas. É preciso estar sempre preparado, pois você não sabe aquilo que o espera na esquina. Que mistério!
Diante disso, me coloquei a refletir e a pensar na brevidade da nossa existência. Tantas pessoas não param para pensar nos seus atos, nos seus gestos, e levam uma vida desordenada, marcada pelos vícios, pela ganância, pelo egoísmo, pelos ressentimentos, pelo desejo de vingança, muitas vezes por causa de coisas fúteis, tais como dinheiro, terra, herança, coisas passageiras. Todos nós estamos cansados de saber que não levaremos absolutamente nada desse mundo para a eternidade, mas teimamos em fazer o mal e alegrar-se com a desgraça do próximo, em acumular, incapazes de perdoar e dar uma guinada na vida. Se as pessoas fossem mais racionais, com certeza não guardariam mágoas, não fechariam a cara para o outro, não seriam tão maldosas e tão gananciosas.
O grande segredo da vida é passar pelo mundo fazendo o bem, não importa para quem. Isso significa achar tempo para o outro, ser capaz de visitá-lo, sobretudo na doença, levar conforto e esperança. Tantas pessoas buscam simplesmente a matéria, como se ela fosse a essência da vida, e esquecem o lado espiritual, o encontro com Deus, e sempre alegam uma série de coisas banais para explicar esse vazio e essa falta de tempo para as coisas sagradas.
São Tomás de Aquino dizia que para vencer a depressão, quatro coisas eram fundamentais: tomar banho, repousar, ler um livro e conversar com um amigo. Coisas tão simples, mas tão profundas. Tem gente que faz tudo de modo automático, porque a sua mente está sempre voltada para o lucro, para os ganhos materiais e simplesmente não vive a vida. Tomar um banho com calma, sentindo a água a lavar o corpo, a nos purificar, faz um bem enorme, sobretudo quando estamos muito cansados. Repousar com a consciência em paz, ter uma noite tranquila, renova as energias perdidas no labor diário. Tem gente que dorme mal, tem verdadeiros pesadelos, porque não consegue se abandonar ao sono, e permanece sempre ligado, aceso, querendo resolver um mundo de coisas. Ler um livro é com certeza muito confortante, porque nos torna melhores, mais capazes, além de dar dignidade à nossa existência. E conversar com um amigo, então, é muito libertador. Poder falar da vida, partilhar as alegrias, as tristezas, faz um bem enorme para a alma. Não é a toda que lemos na Bíblia, ‘quem encontrou um amigo encontrou um tesouro’.
Viva com amor, com alegria, com bom humor, com simplicidade, como se esse fosse o último dia da sua vida. É melhor modo de nos prepararmos para as surpresas que poderão aparecer de modo inesperado. Não deixe para amanhã aquilo que você pode fazer hoje.

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