As exigências do Reino de Deus

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O nome Jesus se faz ouvir por todos os lados, tanto nas igrejas, como em rádios e televisões. Também em conversas pessoais e comunitárias, ele ecoa e se faz presente, e, ultimamente, com mais frequência e mais intensidade. Isso não deixa de ser bom, pois demonstra a força e a importância do sagrado na vida das pessoas. Além da busca de um maior sentido e razão que transcenda as coisas deste mundo, olhando para as coisas do alto, para onde todos nós caminhamos. Mas será que esse Jesus sempre está de acordo com o Jesus dos evangelhos? Com as ações, gestos, palavras por ele pronunciadas e vividas durante os seus anos de pregação?

O Jesus dos evangelhos, longe de pregar uma vida fácil, mágica, voltada para a prosperidade, para vantagens pessoais, apresenta as exigências do seu seguimento, em prol da construção do Reino de Deus. Toda sua pregação está voltada ao amor ao próximo, ao outro, ao serviço livre, gratuito e desinteressado, sem garantias materiais neste mundo, mas o cêntuplo em graças aqui na terra e mais a vida eterna. Os apóstolos, num primeiro momento, pensaram em tirar proveito pelo fato de terem sido os escolhidos, mas, aos poucos, vão compreendendo as enormes exigências do evangelho. Como se diz na gíria, Jesus ‘não alivia’, não põe panos quentes, mas fala claramente do compromisso daqueles que o seguirem.

Dirigindo-se aos discípulos, apresenta o projeto de felicidade do Reino de Deus: felizes os pobres, felizes os que têm fome, felizes os que choram e felizes os que são caluniados e perseguidos por causa dele. A felicidade que Jesus evoca está voltada ao amor ao próximo, ou seja, colocar-se ao lado dos últimos e abandonados da sociedade. Nada de vantagens pessoais, nada de conforto material, nada de vida fácil e cheia de prosperidade, mas uma vida voltada às necessidades do outro, sobretudo, do mais pobre e marginalizado. O Deus de Jesus se coloca claramente ao lado dos mais sofridos e excluídos da sua época.

Como podemos resumir a felicidade daqueles que seguem a Jesus dos evangelhos? Em primeiro lugar, são pessoas que sabem partilhar o que são e aquilo que têm contra a enorme preocupação com o acúmulo. Saber partilhar para que todos tenham vida, vêm radicalmente contra esta grande divisão entre os que têm demais e os que não têm nada. Estes que só pensam em si próprios e em acumular, mesmo que falem o nome de Jesus, mas é apenas da boca para fora, porque a sua prática desmente a sua fala. Em segundo lugar, a solidariedade com os que têm fome. Entra, em nossa igreja, o grande e fundamental trabalho da ação social: ajudar a matar a fome de tantos irmãos e irmãs espalhados por este mundo de Deus. É um escândalo ver tantas pessoas abusar da comida, jogando para fora, quando tantos passam fome e não têm o que comer. Minha mãe sempre me ensinou que o pão é sagrado, e não se deve jogar nem mesmo uma pequena sobra. Em terceiro lugar, ajudar a aliviar o sofrimento dos que choram, por diversas razões, com compaixão e misericórdia. Sentir a dor do outro, colocar-se em seu lugar, contra todo tipo de frieza e indiferença que assola a vida de tantas pessoas. Sentimos a dor e nos emocionamos quando vemos situações de tragédias, mas no dia a dia, quantas pessoas sofrem a solidão, a falta de um carinho, o desprezo. E por fim, não fazer as coisas para aparecer, para ser bem falado, mas disposto a sofrer críticas diante do bem feito, de posições em defesa da vida, da paz e da justiça. É isso que Jesus apresenta no evangelho de Lucas, como as bem-aventuranças, ou seja, a felicidade dos que o seguirem.

Publicado na edição 1150 – 14/02/2019

As exigências do Reino de Deus

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