O poder do hábito

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Quando nascemos, somos um feixe de potencialidades e de possibilidades. Estamos prontos para recebermos tudo o que for colocado dentro de nós, sobretudo, através da educação dos nossos pais. Essas ações repetidas, vão criando hábitos, e estes, com o tempo, vão se tornando uma espécie de segunda natureza. Encarnamos aquilo que herdamos de nossos pais, no bem e no mal, e repetimos como se fosse uma verdade. Nossos gestos positivos ou negativos, nosso modo de ser pautado no otimismo ou no pessimismo, o nosso jeito de ver o mundo de modo negativo ou positivo, tem, com certeza, grande influência daquilo que vivemos na nossa infância.

Diz o filósofo Aristóteles: “os hábitos que formamos desde a infância não fazem pouca diferença – na verdade, fazem toda a diferença”. E diz mais: “a virtude moral é uma consequência do hábito. Nós nos tornamos o que fazemos repetidamente”. Quando falamos de virtude moral, estamos falando de escolhas que fazemos no nosso dia a dia.

Diariamente fazemos inúmeras escolhas, pautadas nas ações repetidas ao longo da nossa vida. Quem aprendeu, por exemplo, a olhar as coisas pelo lado negativo, tenderá a duvidar das coisas e de si mesmo. Quem, pelo contrário, foi educado a ver a vida a partir do positivo, acreditará em si mesmo e nas possibilidades de realizar os seus projetos.

Temos muita dificuldade em deixar para trás velhos hábitos adquiridos ao longo da nossa vida. Com certeza, nada é mais difícil do que mudar o nosso jeito de ser. Tendemos a justificar que somos assim, que sempre fomos assim, e que as pessoas nos devem aceitar bem assim como somos. Essa é uma justificativa para quem não quer mudar e se coloca em atitude de defesa. Mudar um jeito de ser, não é nada fácil. A mudança gera crise, conflitos, e preferimos então nos acomodarmos no nosso jeito de ser, em vez de correr riscos de sermos diferentes. E mais, as pessoas de modo geral criam etiquetas dos outros, como se esses não pudessem mudar. O fofoqueiro será sempre fofoqueiro; o mentiroso será sempre mentiroso; o preguiçoso será sempre preguiçoso; o violento será sempre violento.

Poderíamos enumerar tantos outros clichês que fazemos do outro. Assim como temos dificuldade de mudarmos o nosso jeito de ser, sofremos para acreditar que o outro pode ser diferente.

Em todos os campos, tendemos a defender nossos pontos de vista, mesmo que eles sejam furados e ultrapassados. Mudar um ponto de vista requer humildade e abertura à mudança. Somos um tanto insanos, e insistimos em fazer as coisas do jeito de sempre, mesmo percebendo que esse jeito de agir não dá mais resultados. Einstein assim define a insanidade mental: “continuar fazendo as mesmas coisas do mesmo jeito esperando resultados diferentes”. O Papa Francisco vai dizer que é preciso superar aquele velho chavão que nos deixa tranquilos e acomodados: “sempre se fez assim”.

Nós somos guiados pelos nossos hábitos. Mudá-los requer humildade e um grande esforço para romper hábitos antigos e substituí-los por novos. Não é fácil admitir que é preciso mudar, mas só progredimos quando tomamos consciência da nossa falha e buscamos agir de modo diferente. Por exemplo, se nos habituamos a uma vida sedentária, só poderemos melhorar nossa saúde se decidirmos a fazer exercícios físicos. Se permanecermos agarrados aos nossos velhos hábitos, poderemos sucumbir e simplesmente deixarmos de viver plenamente. Mudar é difícil, mas é possível. Essa é a boa noticia.

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