Só o amor

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Santo Agostinho relata nos seus escritos a preocupação de um leitor da Bíblia que dizia não compreender quase nada daquilo que lia. Ele então lhe responde dizendo que a síntese da Bíblia é o amor, e que se ele estivesse vivendo o amor, estaria compreendendo perfeitamente a Palavra de Deus. Achei esta explicação maravilhosa, porque não basta conhecer a palavra, mas é preciso vivê-la e isso quer dizer: amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, como a si mesmo. É o resumo de toda a lei, afirma o próprio Jesus Cristo.

Na vida de um batizado, o amor também é a essência da sua ação, é a primazia em tudo aquilo que faz. ‘Ainda que eu falasse a língua dos anjos e tivesse o dom de todas as ciências’, diz São Paulo, ‘mas se não tivesse o amor, isso tudo de nada valeria’. O amor que é esse ato de sair de si mesmo e de ir ao encontro do outro, atento às suas reais necessidades. O verdadeiro amor é sempre solidário, partilha aquilo que tem e se doa em prol dos irmãos. Sem amor, a vida realmente perderia todo o seu sentido e toda a sua razão de ser.

Só pode compreender o sentido da palavra amor, aquele que sai de si mesmo e vai ao encontro daquele que necessita de sua presença. O contrário do amor é o egoísmo, o individualismo, o fechamento em si mesmo, em seu mundinho, numa atitude de indiferença com o próximo. Dói escutar alguém que assim se refere ao sofrimento alheio: ‘o problema é dele. Ainda bem que eu estou bem’. Isso demonstra que aquele ser tem um coração carregado pela falta de amor, voltado somente para o seu mundo e aquilo que lhe interessa.

O verdadeiro amor é desinteressado, não procura levar vantagens e nem tem interesses naquilo que faz em prol do outro. Esses dias atrás alguém me deu um abraço e me disse: ‘este abraço é de graça’. E eu lhe respondi: ‘se não fosse de graça, eu não aceitaria’. Achei o gesto da pessoa maravilhoso, de alguém que compreendeu que o amor é gratuito, espontâneo, e não espera nada em troca. Quando alguém faz um ato de caridade esperando retorno, já deixou de ser gratuito e, portanto, perdeu a essência daquilo que é o amor. Uma jornalista, ao ver Madre Tereza de Calcutá cuidando com tanto carinho um leproso, ela lhe disse: ‘eu não faria isso nem por um milhão de dólares’. E Madre Tereza lhe respondeu: ‘nem eu, pois faço com o amor, e o amor é gratuito’.

Precisamos resgatar o verdadeiro amor, num mundo tão marcado e carregado por interesses, por vantagens pessoais. Parece que tudo aquilo que se faz precisa de uma recompensa, seja ela material ou emocional. A gratuidade precisa ser resgatada, através de atos voluntários, de pequenos gestos de carinho, de ajuda, de ternura, como expressões de um coração onde brota o verdadeiro amor. Esse negócio que vemos por ai, tipo assim ‘tudo por dinheiro’ ou coisas parecidas, é um verdadeiro câncer contra os valores do evangelho.

Só o amor pode transformar o mundo, a realidade familiar, comunitária e social. O verdadeiro amor pregado por Jesus Cristo significa doação, entrega, mesmo que isso custe sacrifício. Fazer o bem, simplesmente porque isso brota do coração, não importa para quem, é a essência da nossa vida.

Só o amor nos traz a verdadeira felicidade, pois não nos amarra a ninguém, não nos obriga a nada e nos deixa plenamente livres. Quando fazemos algo com amor e por amor, do nosso coração explode a verdadeira felicidade. Desejo, que no final de nossa vida, as únicas marcas sejam aquelas deixadas pelo amor semeado entre os irmãos.

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