Somos diferentes

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O mundo das relações é um campo complexo. Saber conviver com os outros em harmonia, é uma verdadeira arte. A maioria dos problemas advém, exatamente, desta dificuldade em se relacionar de modo harmonioso com quem pensa diferente, tem ideias diferentes, gostos diferentes. Assim é na vida familiar, na vida comunitária e social. Quantos conflitos e brigas desnecessárias se houvesse o respeito pelo diferente. Aliás, a maioria das guerras, causadas por armas violentas, são forças desproporcionadas utilizadas para demonstrar que eu sou mais forte do que você e que eu mando em você. No fundo, você é obrigado a se submeter àquilo que eu penso e àquilo que eu acho o certo.

Jesus, conhecedor profundo do ser humano, alertou os seus discípulos para esta realidade, quando assim se manifestou: os grandes deste mundo mandam, dominam, massacram, mas entre vocês não deve ser assim; quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos. Realmente, uma lição maravilhosa do nosso mestre. Não é através da força do braço ou das armas que se alcança a paz e a harmonia. Muito longe disso, pois o que aproxima os homens e mulheres entre si é esta disponibilidade para servir, de modo livre e gratuito. Jesus deu o exemplo, lavando os pés de seus discípulos, numa atitude de profunda humildade. Somente os humildes são capazes de descer até a situação dolorosa e sofredora do irmão, e servir gratuitamente. Os orgulhosos, pelo contrário, se sentem no direito de serem servidos, e nunca no dever de servir. Existe entre eles uma distância muito grande em relação aos pequenos e necessitados.

Romper o orgulho de quem está acima do outro, é o grande desafio de uma sociedade que possa viver de modo harmonioso. O orgulho não permite o ser humano reconhecer suas fraquezas, seus limites, e o coloca acima do bem e do mal, como se fosse um super-homem. No momento em que ele admite suas carências, só então ele percebe que somos todos irmãos, e somente na entre ajuda poderemos construir um mundo melhor. O orgulhoso se basta a si mesmo, não necessita do outro, ou pior, coloca o outro ao seu serviço. Desfaz-se a igualdade, e a relação torna-se de senhor e escravo, dominador e dominado. E pensar que Deus nos criou todos iguais, sem acepção de cor, de raça, de classe ou de sexo.

Somente o humilde é capaz de viver de modo pacífico e harmonioso com os seus irmãos. Ninguém é maior do que ninguém; ninguém pode sentir-se dono de ninguém; ninguém é senhor da verdade. O humilde reconhece o quanto é limitado, e o quanto tem para aprender e desenvolver. Não é por acaso que Jesus se aproxima dos humildes, e se distancia dos orgulhosos e perfeitos. Os fariseus, mesmo sendo perfeitos no cumprimento à lei, eram incapazes de reconhecer seus pecados e seus limites. O publicano, na sua humildade, reconhece o seu grande erro, e coloca-se aberto para a mudança. Esta sua atitude foi apreciada por Jesus, enquanto que a atitude do fariseu foi totalmente reprovada.

Na arte de conviver com o outro, com o diferente, a humildade assume um caráter determinante. Temos tanto para aprender com quem pensa diferente, com quem tem gostos diferentes, com que simplesmente não é igual a nós. No fundo, somos todos irmãos, e somente quando nos sentirmos assim, seremos capazes de conviver de modo harmonioso uns com os outros. O outro não é um inimigo a ser combatido, mas um irmão que caminha ao nosso lado, com quem somos chamados a construir um mundo melhor, uma comunidade melhor, uma família melhor. Não queira mudar o diferente. Simplesmente, somos diferentes.

 

Publicado na edição 1105 – 22/03/2018

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