Uma lição de vida

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Quando eu estudava em Roma, uma jovem, estudante em direito, expressou aquilo que achava dos seus avós: pessoas que não tinham nada a oferecer, pois não sabiam nem ligar o computador. Confesso que fiquei assombrado com essa sua colocação, tão pragmática e sem sentimentos. Eu, que sempre tinha apreciado meus avós por sua sabedoria, consequência de tantas situações enfrentadas de modo heroico, fiquei um tanto perplexo e pensativo sobre os rumos da nossa sociedade. No Japão, por exemplo, os idosos são tratados com muito respeito, porque considerados a memória viva da sociedade. Assim também em outros países, sobretudo no Oriente tem uma importância impar na família e na comunidade.

No inicio do cristianismo, os bispos escolhidos para dirigir a comunidade, eram os anciãos. Alguns critérios eram fundamentais, entre eles, a boa conduta, o bom caráter, a honestidade, entre outros. Exatamente pela sabedoria e discernimento, frutos de uma vida cheia de enfrentamentos, eles estavam aptos para conduzir os rumos daquela comunidade. Não que eles fossem perfeitos, mas devido a sua experiência, como fruto dos longos anos já vividos, eles eram considerados os mais preparados para aquela função. Claro, com o passar do tempo, mudou a forma de escolher os bispos na Igreja, mas no principio, os mais idosos eram escolhidos para exercer tal ministério.

Numa sociedade onde se valoriza quem produz e quem é jovem, muitas vezes os idosos são vistos como peso morto, sem nada a acrescentar. É dolorosa essa constatação, pois todos nós um dia chegaremos à velhice. Percebo com tristeza que em tantos lugares os pais com idade avançada, já avós, são colocados em asilo ou outros lugares, porque são um incômodo para os seus familiares. Não nego que existem tantos asilos onde o tratamento é muito humano, mas nada pode substituir o aconchego de um lar.

Segundo o papa Francisco, os idosos são a memória da nossa sociedade. Têm tantas histórias para contar, tantos sofrimentos, tantas lutas, tantas dificuldades superadas, mas tantas lições de vida. Eles viveram em outra época, outra realidade, mas souberam suportar os pesos e os desafios de outrora. A realidade era muito diferente e muito mais difícil. Em tantos lares faltava tudo e com tantos filhos para criar. Quando ouço as histórias da minha mãe, percebo o quanto ela e outras pessoas da sua época foram verdadeiros heróis. Apesar das enormes dificuldades, conseguiram passar valores, tais como a honestidade, o trabalho, uma vida cheia de entrega e doações.

Valorizar os nossos avós, os idosos de hoje, é uma tarefa fundamental da nossa sociedade. Tratá-los com carinho, com cuidado, mesmo quando eles repetem as mesmas coisas inúmeras vezes, é sinal de respeito e de ternura. Quantas vezes não temos paciência para com eles, e os tratamos de modo ríspido e indelicado. Esquecemos o quanto eles fizeram por nós quando éramos crianças e se somos algo na vida nós devemos muito a eles. Reconhecer é sinal de gratidão e de grandeza.

Se você ainda tem seus avós, aproveite para escutar as suas histórias, pois elas são verdadeiras lições de vida. Meu sobrinho, neto do meu pai, costumava passar horas ouvindo o seu avô. Até hoje ele relembra fatos e histórias ouvidas, que foram verdadeiras lições para a sua vida. Os avós são uma joia rara, que precisa ser bem cuidada. Parabéns pelo dia dos avós.

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