Briga de vizinhas O verdadeiro fim da história

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Prometo ao leitor que hoje esta história chega ao fim. Se você não acompanhou até aqui, veja nas duas edições passadas, eu comecei a história e só agora vou conseguir terminar, estou sofrendo desse mal há algum tempo. Até fui ao médico ver isso, mas aparentemente não tem remédio que cure o sujeito prolixo.

Sabemos que há um rapaz que comprou uma galinha branca e, precisando que a galinha fosse preta, comprou também tinta e a coloriu. A galinha, em conjunto com outras coisas, foi deixada em uma encruzilhada, com o intuito de trazer de volta o amor perdido do rapaz.

Acredito que quando a encomenda chegou no céu (ou seja lá onde devia chegar), o jeito era torcer para que o santo primeiro bebesse a cachaça que acompanhava os outros itens. Talvez no escuro o santo acendesse a vela, aquela vela enorme, e na penumbra não conseguisse perceber que a galinha não era originalmente preta. Quem sabe, talvez, o santo tenha percebido o engodo e mesmo assim relevado. A ciência tem essas nuances.

Se nunca antes eu tinha visto alguém tentando enganar as entidades, nunca depois vi alguém repetir o feito. Mas, pasme, leitor: deu certo. A ex-namorada do sujeito voltou a seus braços. Foi uma volta causada pela macumba? Fica no ar o questionamento. O fato é que voltaram, tiveram até filho. Um menino que agora tem sete anos.

Esse menino está agora desenhando na parede da sala quando sua mãe, essa que teve seu destino alterado pelo sobrenatural, percebe a obra e dá um grito no guri, que começa a chorar de susto e corre para seu quarto. A mãe, sentindo seu coração partido como só as mães podem sentir, fica confusa quando percebe que a vizinha de baixo está gritando, aparentemente para ela.

Coloca a cabeça para fora da janela, olhando para baixo, a tempo de ouvir desaforos da moradora de baixo, pelo visto bastante nervosa. Ela entende o que houve e explica: estava brigando com o filho.

É época de fim de ano. O condomínio é novo, os moradores ainda mal se conhecem, e como acontece em prédio novo todo mundo está animado com a compra, olha, ainda tem cheiro de tinta fresca, vamos combinar uma festa conjunta dos moradores, para celebrar as grandes conquistas do ano. Um amigo secreto entre o Natal e o Ano-Novo!

No dia da festa, todo mundo de branco, porque o branco simboliza a paz entre os povos, menos nas roupas íntimas, essas, se resolvêssemos espiar o que nossos personagens usam veríamos provavelmente cores fortes, vivas, apaixonadas e esperançosas. Mas daqui só podemos ver o branco, esse branco que agora se traduz em um abraço e um pedido de desculpas da vizinha de baixo – que foi aceito pela vizinha de cima.

Porque o perdão é necessário, querido leitor.

Compartilhar
PUBLICIDADE