Nota de repúdio a incêndio criminoso na Ocupação 29 de março

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Na madrugada da última sexta-feira (7), o soldado da Polícia Militar (PM) de Curitiba, Erick Norio, foi assassinado com dois tiros enquanto atendia uma ocorrência na Vila Cobérlia, que faz parte da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). De acordo com moradores, o crime bastou para que a truculenta PM da capital paranaense se sentisse à vontade para incendiar a casa de, no mínimo, 400 famílias que residiam na Ocupação 29 de março, também situada na CIC.

Trabalhadores e trabalhadoras, adultos, jovens e crianças: ninguém foi poupado. Para vingar a morte do colega, a PM, como relatam dezenas de moradores da ocupação, teria passado a manhã e a tarde de sexta-feira invadindo casas, ameaçando e agredindo os membros da comunidade. Deram trégua para os moradores apenas enquanto tiveram de ir ao velório de Norio, no fim da tarde.

Por volta das 22h, os policiais deram o toque de recolher em um bar da ocupação e os moradores relatam que o incêndio começou a partir de então. Antes disso, Pablo, morador do local, foi visto pela última vez com PMs e depois encontrado morto, como apontou matéria feita pelo CWB Resiste em parceria com os Jornalistas Livres. Um vídeo mostra policiais fardados atirando a esmo contra as casas da comunidade horas antes de o incêndio começar, como revelou reportagem da Folha de SP.

Durante o incêndio, Rafael, outro morador da Ocupação 29, foi executado com um tiro na nuca, de acordo com a Rádio Banda B. A comunidade afirma que o rapaz foi morto pelos militares porque havia filmado com o telefone celular o momento em que os policiais atearam fogo em uma casa.

Diante de tantos fatos documentados, além das dezenas de relatos dos moradores da ocupação que afirmam ter visto a ação truculenta da polícia, há que, no mínimo, se desconfiar da versão da PM, que, em nota oficial à imprensa, atribuiu o incêndio criminoso a “uma retaliação do tráfico ou do crime organizado contra a ação policial que estava sendo feita no local”. Que o crime seja apurado e os verdadeiros criminosos julgados.

A Polícia Militar, que por ofício deveria garantir a segurança dos cidadãos, é a mesma que pode ter atuado em conluio para devastar uma comunidade inteira por pura vingança.

O SISMMAR vem, por meio desta nota, manifestar solidariedade aos moradores da Ocupação 29 de março, que perderam o pouco que tinham neste incêndio, e repudiar a ação criminosa que transformou em cinzas as casas de, pelo menos, 400 famílias pobres.

Publicado na edição 1143 – 13/12/18

Nota de repúdio a incêndio criminoso na Ocupação 29 de março

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