O racismo e a imbecilidade

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O caso de racismo que foi vítima a doceira Janete Martins, moradora de Araucária, manifestado por um bilhete deixado em sua caixa de correios, mostra a face covarde de um crime contra a dignidade humana. Mesmo ferida, Janete não se calou e manifestou nas redes sociais sua indignação.

Na semana anterior ao fato, dia 7 de fevereiro, a Câmara Municipal manteve por unanimidade o veto do prefeito Hissam Dehaini ao projeto de lei que instituiria o dia 20 de novembro como feriado municipal em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra.

Em todo o país, são 1044 as cidades que estabeleceram a data como feriado. Com o veto, Arau­cária perdeu oportunidade de finalmente adotar ações e políticas públicas que combatam o ra­cismo, valorizando o caldo cultural enriquecido com as migrações das populações que aqui vieram em busca de trabalho.

Teria a função pedagógica de desencorajar manifestações de racismo como a que sofreu Janete. O racismo é crime inafiançável porque fere a dignidade humana. Porém, na maior parte das vezes tratadas como injúrias raciais e rendem prisões e multas.

Mais do que punições, para a conscientização do problema e a mudança de comportamento, educação e cultura são caminhos importantes. Muito pouco é feito por uma educação de combate ao racismo nas escolas.

Assim, por omissão, o poder público e a sociedade reforçam o ranger de dentes da ignorância. A falta de conhecimento e de sabedoria produz imbecis. A menos que sejam devidamente educados para o contrário, seguem sendo por toda a vida. Aqueles que ofenderam Janete de forma tão aberta só fizeram isso por se sentirem res­paldados.

O processo de desconstrução de preconceitos e conscientização pode levar uma vida toda e começa por reconhecer o problema em si mesmo e na sociedade. Janete não pode ficar sozinha na busca por justiça, por que ao ofendê-la todos os negros são ofendidos.

A tentativa de mudar o pensamento e a ação de uma sociedade que trata as pessoas de forma desigual por conta da cor de pele ou por seu sotaque deve ser tratada como política pública. O município precisa olhar para a situação dos negros com a atenção que merecem. Formações de professores, campanhas públicas de denúncia e combate ao racismo são um bom começo.

SISMMAR – Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária

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