Espeto corrido!

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Dia desses fui a uma churrascaria em Curitiba. A noite estava agradável e aparentemente quase todo mundo teve a mesma ideia que eu. Chegando lá, pedi mesa para dois. Eu e minha esposa. A resposta que eu não queria ouvir foi a que saiu da boca da moça. “Tem que aguardar, estamos lotados”. Como estávamos por lá mesmo, resolvemos esperar.

 

Passados alguns minutos, senti alguém dar uma tapinha em minhas costas. Virei-me e lá estava ele, um velho conhecido, morador da Capital, mas que já ocupou vários cargos públicos em Araucária. Cumprimentos feitos, ele me fez a bendita pergunta: “E a política?”.

 

Dei a resposta padrão (“ah, agora que o trabalho começa”), até porque estava acompanhado de minha digníssima e se tem algo que a irrita é eu falar de política quando, em tese, saímos para algo mais voltado ao lazer.

 

Meu interlocutor, no entanto, insistiu. Fez mais perguntas sobre política, eu bem que tentei me desvencilhar, mas fui vencido por esta minha mania de raramente conseguir deixar de responder o que me perguntam. Até porque, aquela altura, eu já teria que ouvir um sermão mesmo de minha esposa quando chegássemos em casa, muito embora, deixo claro: a culpa não era minha. Eu fui provocado e seria falta de educação de minha parte deixar aquele conhecido sem informações sobre a nossa gentil Tindiquera.

 

Um dos questionamentos feitos por meu interlocutor era justamente sobre que Araucária seria essa que o novo prefeito herdaria. Disse que, com certeza, não era a cidade com que sonhamos. Isso porque a situação atual do Município é caótica, tanto em curto, médio e longo prazo. Isso porque falta à nossa classe política, bem como a nossa população uma verdadeira noção da situação financeira de nossa Jovem Senhora. E, para fugir do discurso comum, a situação financeira a que me refiro não é exclusivamente a causada pela crise econômica mundial. Essa até nos afetou, mas nada que não pudesse ser superada com uma administração austera e focada em eficiência, descomprometida com interesses politiqueiros e na grita daquelas pessoas incapazes de enxergar além da próxima esquina.

 

No entanto, não fizemos isso. Preferimos seguir o mesmo modelo de administração da década de 1990, aumentando as despesas permanentes mesmo que o mais míope dos gestores soubesse que aquilo não seria sustentável em longo prazo. Preferimos insistir numa política assistencialista ao invés de uma que promovesse o cidadão a cada vez precisar menos do Estado. Insistimos em não fortalecer as receitas próprias do Município para evitar pequenos embates com nossos moradores, sempre crendo que as transferências externas seriam suficientes. Isto mesmo sabendo que nunca se deve confiar plenamente naquilo que não temos controle. Insistimos em tentar abraçar responsabilidades que o próprio pacto federativo não nos incumbiu, numa demonstração clara de arrogância administrativa, muito embora já imaginássemos que essa lá na frente essa arrogância nos custaria o sal da janta. Mas pra que se preocupar com o futuro se o meu mandato é apenas de quatro anos, não? Devem ter pensado esses parasitas do dinheiro público, que fizeram de um gigante como Araucária uma medíocre cidade!

 

Terminado este meu relato, me interlocutor me perguntou: “tá, mas e esse novo prefeito, você acha que ele vai conseguir corrigir pelo menos parte desses erros históricos?”. Pensei um pouco e disse “Olha…”, mas neste momento uma voz ao fundo gritou “Waldiclei”. Era a moça que controlava a fila de espera. Em seguida, já senti meu braço sendo puxado por minha esposa, finalmente havia chegado à nossa vez. Estava morrendo de fome. Despedi-me rápido de meu conhecido e parti. O rodízio ali é ótimo!

 

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Bom resto de semana a todos e até uma próxima!

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