Pausa para falarmos de novela

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Quase que sempre utilizo este espaço para falar sobre política e sobre as consequências da boa e da má política no desenvolvimento desta pobre cidade rica chamada Araucária. Esta semana, porém, peço permissão para uma pequena digressão novelística.

Só por hoje não falarei de política, falarei de novela. Exatamente: de novela. Eu, particularmente, tenho o hábito de acompanhar novelas, principalmente as da Rede Globo. Tenho dedicado especial atenção nos últimos dias ao título das onze, Justiça! Confesso que inicialmente me entusiasmei muito com o enredo da trama, mas tenho comigo que a autora tem se equivocado na abordagem de – acredito – um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta atualmente, que é a violência contra a mulher.

Para os que não acompanham a minissérie, estou falando especificamente sobre a história de Vicente (interpretado por Jesuíta Barbosa), que matou sua namorada, Isabela (interpretada por Marina Ruy Barbosa) após flagrá-la o traindo. Ele é preso, passa sete anos na prisão. Neste período, a mãe de Isabela, Elisa (interpretada por Debora Bloch) trama matá-lo quando ele for libertado. Isto, porém, não acontece e, aos poucos, ela acaba se aproximando do algoz de sua filha. Na série estamos no exato momento em que os dois estão prestes a iniciar um relacionamento.

Embora saiba que a série é uma obra de ficção, tenho ficado enojado com alguns diálogos que, aos poucos, parecem tentar justificar o crime que Vicente cometeu. Num episódio recente, por exemplo, Regina (interpretada por Camila Márdila), que é a atual esposa de Vicente tentou dar força ao marido dizendo que ele não é um assassino, que ele só cometeu o crime porque flagrou Isabela o traindo. Ora, desde quando o adultério autoriza um assassinato?

Mais recentemente, também fomos surpreendidos por uma cena em que Elisa encontra uma caixa com pertences da filha assassinada em que ela – digamos assim – tripudia de Vicente em cartas e fotos. Novamente, o que está por trás disso é um processo de humanização do assassino, para que o público passe a aceitá-lo e considerar seu crime menos grave, já que a vítima teria dado motivos. Ora, não posso aceitar isso. Não é admissível que em pleno século XXI a violência contra mulher ganhe esse tipo de atenuante.

O desserviço que a minissérie Justiça presta as mulheres brasileiras é gigantesco. Ainda mais sabendo que a violência doméstica é ainda um dos maiores males de nossa sociedade. Em Araucária mesmo, eis aí um problema que precisamos urgentemente abraça-lo. Diariamente são vários os casos de mulheres agredidas por seus companheiros e, pasmem, até por seus filhos, pelos mais variados motivos, sendo que muitas dessas situações sequer chegam ao conhecimento de nossas autoridades para que as devidas providências sejam tomadas. E não chegam justamente porque, muitas vezes, o atendimento que a mulher vítima de violência recebe é o mesmo que lhe é dado pela Rede Globo. Ou seja, antes de protegê-la, procura-se culpá-la e, infelizmente, deste jeito nunca faremos realmente Justiça!

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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