Precisamos evoluir

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Precisamos evoluir

Lembro-me que escrevi a respeito em meados do ano passado, já quando os eleitores haviam consagrado Hissam como o novo prefeito de Araucária. As urnas haviam feito do eleito praticamente um pop star araucariense. A vitória acachapante, quando considerávamos os votos do segundo colocado, levava a população ao delírio. Infelizmente, no entanto, pelo menos para quem vence um pleito, o período entre o primeiro domingo de outubro e o primeiro dia do ano seguinte é curto: três meses, um pouco menos. É exatamente isto que dura a lua de mel entre o gestor e os gestados.
Digo, infelizmente, porque é só neste pequeno espaço de tempo que o vitorioso é visto pela comunidade como o salvador da pátria. “O cara!”. A partir do momento em que o prefeito toma posse, ele deixa de ser a esperança de dias melhores e passa a ser como os outros que o antecederam. Ou seja, o culpado por tudo o que não dá certo! E nem adianta tentar, por mais que seja em parte verdade, colocar a culpa pelo que não dá certo em quem o antecedeu. O cidadão comum não quer nem saber disso. O que ele quer saber é de ter as suas necessidades atendidas, sejam elas plausíveis ou não.
Retomo este assunto porque, na semana passada, acompanhei a repercussão da queda do helicóptero que outrora pertenceu ao prefeito e vi, desesperançoso, a reação de muitas pessoas ante a possibilidade de Hissam estar entre os passageiros da aeronave. O homem é mesmo um ser que ainda precisa ser muito estudado. Afinal, como explicar que vários de nossos moradores estavam desejando até que o sujeito tido por muitos como a redenção de Araucária há poucos meses estivesse agora entre as vítimas de um sinistro tão grave?
Reações como estas, aliás, não são inéditas. Vimos, por exemplo, há alguns anos as pessoas nutrindo sentimento parecido quando o ex-presidente Lula foi diagnosticado com câncer. Ou, mais recentemente, no caso da morte de sua esposa, Marisa Letícia. Também no ano passado, aqui em Araucária, acompanhamos os mesmos comentários quando o ex-prefeito Olizandro anunciou que iria renunciar para tratar da saúde.
Para superar episódios como esses, acredito, não há alternativa a não ser melhor conscientizar, educar e qualificar nossos moradores. Pois é a incapacidade dessas pessoas de terem seus próprios destinos nas mãos que as obriga a terceirizar essa responsabilidade. Fazem isso entregando suas esperanças a outros seres humanos, como os políticos, que de uma hora para outra são alçados ao patamar de salvadores da pátria. Como não os são, porém, logo geram uma decepção tão grande em quem os elegeu que, diante das costumeiras falhas, a pessoa considera normal desejar que ele sofra, como uma espécie de punição, já que não atendeu às suas expectativas.
Enfim, precisamos evoluir enquanto cidadãos e seres humanos. Enquanto não fizermos isso seguiremos tendo uma cidade muito aquém das nossas expectativas.
Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br.

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