Alunos, pais e professores da Escola Elvira fazem atos contra transferência do 6º ao 9º ano para o Governo do Estado

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Escola Elvira
A retomada pelo Governo do Estado da oferta das séries finais do Ensino Fundamental em algumas escolas da cidade a partir de 2017 segue gerando protestos em algumas unidades. Na quinta e sexta-feira, 20 e 21 de outubro, por exemplo, alguns alunos, pais e professores da Escola Municipal Elvira Buschmann, que fica no jardim Ipês, promoveram atos para manifestar seu descontentamento com a medida.

As manifestações começaram ontem, quando – após uma assembléia realizada no período da manhã – um grupo de pais e alunos decidiu ocupar a escola. Com isso, já no período da tarde, as aulas foram suspensas. À noite, no entanto, após ser comunicado pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) sobre a ocupação, o Conselho Tutelar esteve no local e constatou que havia apenas dois pais e mais de vinte alunos, com idade inferior a quatorze anos no local. “Como a maioria das crianças estava desacompanhada de um adulto, aquele ato não pode continuar e todas as crianças foram enviadas para casa”, explicou a conselheira tutelar Franciele Menegatti.

Sexta-feira

Na manhã de hoje, no entanto, houve novo protesto. Alguns alunos, pais e professores utilizaram mesas da escola para fechar a rua Uirapuru, que fica em frente à instituição. Com apitos e gritando palavras de ordem, eles manifestaram seu descontentamento com a transferência das séries finais para o Governo do Estado.

Segundo a senhora Renata Camargo, mãe da aluna Nicole, que está na 7ª série, era uma das presentes ao protesto. “Não aceitamos isso. A qualidade do ensino aqui no Elvira é muito boa e se o Estado assumir, com certeza, nossos filhos serão prejudicados. Queremos que a escola aqui continue do jeito que está”, afirmou.

Mesma opinião é a do adolescente Gabriel Rossa, de 12 anos, que cursa a 7ª série. Ele, que é presidente do Grêmio Estudantil da escola, diz que a maioria dos alunos não quer que o Estado assuma as séries finais do Ensino Fundamental. “Queremos continuar com nossos professores, que já dão aulas aqui há vários anos e nos conhecem”, disse.

Gabriel destacou também o temor de que as condições estruturais oferecidas pelo Governo do Estado não seja as mesmas ofertadas pelo Município. “As escolas estaduais são feias, parecem abandonadas”, comentou. Ele ainda reclamou do modo como a mudança aconteceu. “Ninguém veio conversar com a gente. Ontem era para o pessoal da Secretaria de Educação vir aqui e eles simplesmente não vieram”, ponderou.

Tanto Renata quanto Gabriel fizeram comparações entre a Escola Elvira e o Colégio Agalvira, que é uma unidade estadual e também fica na região, para ilustrar seus receios com a absorção das séries finais pelo Estado. “Quando o Agalvira era municipal, o colégio era muito bonito. Depois que foi pro Estado ficou abandonado, eles não se preocupam em manter o prédio em condições mínimas. Nem merenda direito tem”, comentou Renata, que tem uma filha estudando lá.

Vice-diretor da Escola Elvira, Josuel dos Santos Lima, corrobora com a opinião dos alunos e pais e afirma que os funcionários da unidade não concordam com a transferência das turmas do 6º ao 9º ano para o Estado. Segundo ele, hoje a instituição tem dez turmas de séries finais, todas no período da manhã. “Vamos brigar até fim junto com a comunidade para que não mexam em nossa escola”, disse.

Outra preocupação do vice-diretor é com o regime de dualidade que será instalado na instituição. Ou seja, com a escola sendo de responsabilidade do Governo do Estado no período da manhã e do Município no da tarde, quando serão mantidas as turmas do 1º ao 5º ano sob responsabilidade da Prefeitura. “As experiências que tivemos com o regime de dualidade não são boas, porque fica um órgão jogando a responsabilidade pela manutenção para o outro e quem perde com isso é a comunidade”, afirmou.

Conselho tutelar voltou à escola

Por conta do fechamento da rua, o Conselho Tutelar voltou à escola na manhã desta sexta-feira. Na oportunidade, eles orientaram a direção que as crianças não poderiam ficar fechando a rua, até porque – novamente – a maioria dos pequenos estava desacompanhada dos pais. O Conselho alertou ainda para o fato de não ter havido qualquer comunicação aos órgãos competentes sobre a interrupção da via. “Eles não oficiaram a Polícia, nem o Departamento de Trânsito e simplesmente fecharam a rua, isso é muito perigoso para as crianças”, comentou a conselheira Cristiane de Oliveira.

Aulas serão retomadas à tarde

Ainda conforme o vice-diretor da Escola, o protesto aconteceria somente no período da manhã. À tarde, as aulas aconteceriam normalmente e, na segunda-feira (24) os alunos da manhã também voltariam aos estudos. Enquanto isso, novos atos contra a transferência das séries finais para o Estado seriam planejados.


Texto: Waldiclei Barboza / Fotos: Carlos do Valle / Waldiclei Barboza

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