Fevereiro Roxo: afinal, você sabe o que a
campanha significa?

A campanha “Fevereiro Roxo” conscientiza sobre a importância de tratar o Alzheimer, o Lúpus e a Fibromialgia. Foto: divulgação
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Fevereiro Roxo: afinal, você sabe o que a<br>campanha significa?
A campanha “Fevereiro Roxo” conscientiza sobre a importância de tratar o Alzheimer, o Lúpus e a Fibromialgia. Foto: divulgação

A campanha Fevereiro Roxo foi criada em 2014 com intuito de conscientizar a população em relação ao Lúpus Eritematoso Sistêmico, Alzheimer e Fibromialgia, e a importância do diagnóstico precoce. Apesar de serem distintas, as doenças têm em comum o fato de não existir cura, apenas tratamentos, que podem proporcionar bem-estar e qualidade de vida aos pacientes. São doenças de difícil diagnóstico, mas que precisam ser identificadas o quanto antes, para intervenções precoces.

Para conhecer melhor cada uma dessas doenças e saber qual a importância da campanha Fevereiro Roxo, O Jornal O Popular conversou com dois médicos especialistas da Clínica São Vicente.

O neurocirurgião e especialista em dor, Dr. Ricardo Riet, começa explicando o que é o Alzheimer, um tipo mais comum de demência, uma doença crônica e neurodegenerativa que causa a perda de funções cognitivas, sendo seu principal sintoma a perda de memória. Atinge homens e mulheres com idade acima de 60 anos. “A demência é detectada por familiares que notam a perda de memória recente do paciente e tem seu diagnóstico de forma clínica, em que são aplicados testes para avaliar a capacidade de cognição e memória dos pacientes, com auxilio de exame de imagem, como a ressonância magnética e exames laboratoriais, que ajudam a excluir outras doenças”, esclarece o médico.

Ele lembra que o Alzheimer não possui cura, mas o tratamento auxilia muito na qualidade de vida do paciente e de seus familiares e é feito de forma multiprofissional, com medicação, fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia.

Já a fibromialgia, segundo o neurologista, é uma síndrome clínica caracterizada por dor muscular em todo o corpo, fadiga, alteração na qualidade do sono e ansiedade ou depressão. Tem preferência pelo sexo feminino, 7 em cada 10 doentes são mulheres, com idade de início a partir dos 30 anos. “A doença é detectada pela frequente queixa de dores pelo corpo todo e possui seu diagnóstico de forma clínica com uma entrevista e exame físico completo, se atentando para excluir outros diagnósticos diferenciais. Assim como Alzheimer, a fibromialgia também não tem cura, porém o tratamento é de extrema importância para o alívio das dores e melhora dos sintomas e é feito com medicação, atividade física regular, dieta saudável, higiene do sono e psicoterapia”, explica.

Campanha

Para o Dr Ricardo, a campanha do Fevereiro Roxo é muito importante porque ajuda a conscientizar sobre o tratamento dessas doenças que muitas vezes são negligenciadas e seus portadores sofrem sem o tratamento adequado.

A médica reumatologista Mariana Lechitzki também destaca a importância da campanha, para uma maior divulgação para a população, dos principais sintomas e manifestações das doenças reumatológicas como o lúpus e a fibromialgia. “É importante também no sentido de orientar o paciente sobre qual profissional ele deve procurar, para poder identificar se os sintomas que ele tem podem ser compatíveis com essas doenças e iniciar de forma mais precoce um tratamento adequado”, orienta.

Lúpus e fibromialgia

A reumatologista explica que o lúpus é uma doença autoimune, que pode comprometer diversos órgãos diferentes. Entre alguns dos sintomas estão as lesões na pele, que normalmente são avermelhadas em regiões expostas ao sol, como a face e às vezes os braços. “Outro acometimento comum é na parte articular, muitas vezes o paciente pode ter dor nas juntas, geralmente mais intensa pela manhã, com a sensação de que as juntas estão mais rígidas, mais travadas. A dor pode melhorar ao longo do dia, mas como ela é uma doença sistêmica, pode comprometer o corpo como um todo. Também pode comprometer outros órgãos como rins, pulmões, coração, sistema nervoso central, e algumas alterações no sangue. Mas nem todos os pacientes com lúpus tem esses órgãos acometidos. Cada paciente tem uma apresentação diferente, por isso podemos dizer que a doença não é igual pra todo mundo”, enfatizou.

O lúpus acomete mulheres geralmente entre 20 e 40 anos, mas também pode atingir os homens e outras faixas etárias, inclusive, em casos raros, pode atingir crianças. O tratamento, segundo a especialista, é feito através do uso de alguns medicamentos chamados de imunomoduladores e imunossupressores, escolhidos conforme as manifestações que cada paciente tem. “É um tratamento que deve ser indicado e monitorado pelo especialista, porque pode apresentar possíveis efeitos colaterais. O médico também irá avaliar a progressão, a evolução da doença, e a resposta ao tratamento com essas medicações. Além disso, algumas coisas do dia a dia podem interferir na manifestação da doença, por exemplo, a exposição solar, que acaba piorando muitas vezes o quadro do paciente. Pacientes com lúpus também precisam da reposição de algumas vitaminas, sempre com avaliação casa a caso”, orienta a médica.

Apesar de não ter cura, a reumatologista afirma que o lúpus tem controle. “O diagnóstico da doença precisa ser feito pelo especialista da área, pois ele depende de algumas variáveis. Não existe um exame de sangue próprio que dê o diagnóstico do lúpus. A gente precisa juntar os sintomas que o paciente tem com algumas alterações que podem aparecer nos exames de sangue, além do restante da investigação, para que assim possamos chegar ao diagnóstico correto”, acrescenta.

Com relação a fibromialgia, a médica complementa as explicações do reumatologista Ricardo, e diz que a principal característica da doença é a dor no corpo todo, ou seja, não é uma dor localizada numa articulação ou em apenas uma região do corpo. “A pessoa pode ter uma dor mais intensa em uma região do que em outra, mas em geral o corpo inteiro dói. O sintoma de dor geralmente não vem sozinho, o paciente se sente muito mais cansado nos seus afazeres do dia a dia e muitas vezes, mesmo dormindo bem, já acorda cansado, já acorda muito indisposto e dolorido. Além disso, o sono também pode ser comprometido e esse paciente pode começar a ter insônia, ele tem dificuldades de pegar no sono ou de manter o sono durante a noite, e acorda muitas vezes. Também pode ter sintomas relacionados ao humor, ou se torna um paciente mais ansioso ou um paciente às vezes com alguns sintomas depressivos. Existem também casos de alterações na memória, o paciente se sente mais esquecido, pode ter formigamento e a sensação de que está sempre inchado”, diz a médica.

A fibromialgia, de acordo com a reumatologista, pode acometer tanto homens quanto mulheres, mas ela costuma ser mais comum também entre o sexo feminino, geralmente na faixa etária de 30 a 60 anos. “O tratamento da fibromialgia se baseia principalmente em atividade física, em exercício físico aeróbico. Essa é a medida que melhor resposta tem para o controle dos sintomas da doença. Existem algumas medicações que a gente pode associar ao tratamento, que também auxiliam nesse processo de diminuição da dor ao longo do tempo, mas o que a gente não pode deixar de fazer no tratamento da fibromialgia é manter o exercício físico. Esse é o principal, que vai trazer a principal resposta, o principal controle dos sintomas. É uma doença que também não tem cura, porém podemos obter um bom controle com essas medidas”.

Quanto ao diagnóstico, a Dra Mariana reforça que não existe um exame específico, a doença é diagnosticada por avaliação clínica do médico.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1297 – 03/02/2022

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