A Deus o que é de Deus

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Com a intenção clara de pegar Jesus em alguma contradição, a fim de condená-lo, os discípulos dos fariseus lhe fazem uma pergunta muito provocativa: ‘é lícito pagar o tributo a Cesar ou não?’ Se Jesus respondesse que sim, ele estaria indo contra o povo, já tão cansado e explorado pelos altos impostos pagos ao império romano; se dissesse que não, iria contra Cesar, considerado um deus pelo poder que exerce, e isto poderia lhe causar a condenação. De uma maneira muito inteligente, Jesus responde: ‘dai a Cesar o que de Cesar e a Deus o que é de Deus’. A princípio nós podemos imaginar que com isso Jesus quis dividir os dois poderes: de um lado o poder politico e social e de outro, o poder religioso. Como se a religião tivesse que permanecer dentro do templo, fechada entre quatro paredes, e a politica tivesse que decidir como melhor lhe conviesse, a questão social. Nada mais errado na interpretação daquilo que Jesus responde para os discípulos dos fariseus.

Jesus não nega a necessidade de pagar os impostos. Ele sabe perfeitamente que são eles que movem os povos e todos os sistemas políticos. Sem imposto é impossível que haja melhorias para o povo. E é exatamente ali que está o nó da questão. Dar a Cesar é não negar o imposto, mas dar a Deus o que é de Deus é não escravizar e explorar aquilo que é o mais sagrado para ele: o ser humano, sobretudo os mais pobres e necessitados. Em outras palavras, o imposto não pode ser usado para dominar, mas deve ser devolvido em prol do povo. E isto não acontecia no tempo de Jesus. O povo pagava impostos altos para Cesar, ou seja, para a manutenção do império romano, mas era totalmente explorado, sem direitos e sem as mínimas condições de uma vida digna. Jesus, com esta resposta, se coloca totalmente contra a exploração, o uso de modo indevido do imposto pago pelo pobre povo de Israel.

A realidade de hoje não é diferente daquela vivida no tempo de Jesus. Também no mundo atual, todos os cidadãos pagam altos impostos para manter a máquina estatal. Ninguém é contra o pagamento das taxas, o problema é que elas são demasiado altas, e geralmente, não retornam para o bem do povo. Se uma empresa sonega os impostos, ou se algum cidadão também não declara a sua renda, é passível de multa e até de prisão. Mas é triste constatar que estes encargos tão altos, são desviados para interesses da máquina estatal e são usados de modo indevido e arbitrário por aqueles que governam o nosso país.

Dar a Deus o que é de Deus, é devolver de modo honesto para o seu povo, para as pessoas criadas à sua imagem e semelhança, os impostos pagos com tanto sacrifício. Ou seja, é preocupar-se com o bem estar do povo de Deus, através de uma saúde de qualidade, de uma educação gratuita para todos, da construção de estradas, enfim, atender às necessidades básicas do cidadão. Quando alguém é explorado, o próprio Deus sofre porque cada um de nós é seu filho. E como um bom pai, ele quer o bem dos seus filhos e quer a sua plena felicidade.

Nós não podemos aceitar tanta exploração, tanto desvio, tanta corrupção no meio do nosso país. O imposto é licito, é necessário, mas o que não é admissível o mau uso dele por aqueles que governam o nosso país. Falta saúde para o nosso povo; aquilo que é do governo anda quebrado e sucateado, não por falta de verbas, mas porque elas são desviadas para interesses que não são aqueles do povo. Falta educação e o básico para as escolas públicas do nosso país. Por isso é que nós, a exemplo de Jesus, queremos afirmar: ‘dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus’. Devolver ao povo os impostos, porque o povo é de Deus.

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