A farda azul que reforça a segurança

Ação da GM nos bairros. Guardas empenhados, mas com estrutura aquém do necessário
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Ação da GM nos bairros. Guardas empenhados, mas com estrutura aquém do necessário
Ação da GM nos bairros. Guardas empenhados, mas com estrutura aquém do necessário

É difícil encontrar alguém em Araucária, da mesma forma que no restante do país, que não sabe de alguém ou já não tenha sido vítima de algum tipo de violência. Assaltos, arrombamentos, golpes ou até mesmo homicídios, infelizmente passaram a ser uma rotina em nosso dia a dia. Se com os homicídios a maioria esmagadora é de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas, com os outros crimes todo o restante da sociedade é um alvo em potencial.Neste caso, a ação da polícia ostensiva tem sido fundamental para segurar o crescimento das ocorrências. A Polícia Militar tem feito o que pode, mas ainda tem um efetivo limitado para fazer frente a todas as situações do dia a dia. Nessa hora o reforço vem de uniforme azul. É o pessoal da Guarda Municipal de Araucária (GM).
Embora tenha sido criada para zelar pela preservação do patrimônio, prédios e instalações das repartições públicas, a atuação desses homens e mulheres foi além e transformou a GM em uma segunda PM, com reconhecida presença no policiamento ostensivo e apoiando o cidadão comum nas ruas, além dos muros da prefeitura.

Desde situações corriqueiras de perturbação de sossego, que são mais da metade das ocorrências registradas, até perseguição a assaltantes, eles estão sempre à postos.

Custeio

Mas existe uma distorção aí. Se fosse apenas para manter os próprios públicos, a atual estrutura seria mais do que suficiente. Mas para fazer policiamento ostensivo, uma responsabilidade do estado, a coisa pega. O Governo Estadual mantém a PM tendo, inclusive, feito vários investimentos nos últimos anos. Mas a criminalidade tem crescido exponencialmente e a população grita.
Constitucionalmente não e­xis­te nenhuma previsão legal que obri­gue repasses regulares de verbas do Governo do Estado ou mesmo do Governo Federal para ajudar no caixa do município. Em outras áreas, como Saúde com o SUS ou Educação com o Fundeb, existem programas com essa finalidade. Na segurança não existe essa obrigação tripartite. Aí, o resultado é que, se por um lado existe um efetivo de guardas empenhado para mostrar serviço, por outro lado, a estrutura física, logística e técnica com a qual eles trabalham deixa muito a desejar. É claro, o município não aguenta manter tudo. E esse problema não é só aqui, é nacional. Para o município gastar mais em segurança, precisa sacrificar outras áreas.

Monitoramento

O Centro de Controle de Ope­rações (CCO) é o local de onde são controladas e monitoradas as 44 câmeras de vigilância espalhadas pelo município e também os 200 pontos de alarme instalados nos prédios e instalações da prefeitura. Neste local, instalado no Paço Municipal, é onde toca o telefone quando alguém liga para o 153. Por sua condição estratégica, este setor coordena a ação das equipes para cada ocorrência, evitando que duas viaturas acabem indo para uma mesma situação quando uma só poderia resolver. Ali também começam as dificuldades que os guardas são obrigados a lidar.

Implantado em 2011, com 27 câmeras, o CCO teve relativamente pouco investimento. Em cinco anos foram implantados apenas 17 novos pontos de monitoramento e a tecnologia utilizada foi ficando ultrapassada. Segundo a secretária de Segurança Pública de Araucária, a coronel Rita Aparecida de Oliveira, apenas a troca do software hoje utilizado, já me­lhoraria em muito a eficiência das câmeras já instaladas. “A tecnologia neste setor já evoluiu muito, e o sistema que opera nossas câmeras ainda é analógico e muito limitado. Não temos resolução, qualidade nas imagens. Em muitos casos, até fica gravado a ação de um criminoso, mas não passa de um vulto. Numa situação assim, dificilmente é possível pegar uma placa de carro, por exemplo”, explica a secretária. Segundo ela, apenas com esse sistema seria preciso algo em torno de R$ 200 mil. “Isso sem contar que precisamos de mais câmeras, com mais qualidade e precisão”. Além das atuais, mais cinco câmeras estão sendo implantadas na região do pool de distribuidoras de combustível, no jardim Alvorada, por conta de uma parceria onde uma empresa está bancando o investimento. Outro desafio é a manutenção dos equipamentos já instalados que também tem esbarrado na falta de recursos.

Viaturas

A GM conta hoje com sete viaturas, seis motos e dois módulos móveis. Mas dificilmente todas ficam em condições de rodar ao mesmo tempo, também por conta da dificuldade de manutenção. A sede, que fica na avenida Manoel Ribas, e também abriga a Secretaria Municipal de Segurança Pública, embora esteja em um ponto geograficamente estratégico em relação aos bairros, é muito apertada e tem deficiência operacional. Mal cabem as viaturas e a estrutura de apoio aos guardas é precária, sem área adequada para exercícios entre outras. Também o colete balístico, principal equipamento de proteção dos guardas, estava vencido e foi substituído há poucos meses. Também existe re­clamação quanto ao fornecimento de fardamento e calçados adequados.

Efetivo

A Guarda Municipal tem hoje 160 integrantes sendo que 10 são fixos na Unidade de Pronto Aten­dimento (UPA Planalto), na região sul da cidade. Na Praça CEU (Centro de Esporte e Arte Unificado) na região do Califórnia são 10 guardas divididos em plantões atuando 24 horas por dia, outros 25 se revezam no Centro de Controle de Operações (CCO) e no serviço operacional, na rua, aproximadamente 17 integrantes durante o dia e aproximadamente 12 no plantão noturno. “Durante o plantão diurno o efetivo é maior devido ao serviço da ronda escolar que não possui atendimento noturno”, explica o diretor da Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSP) Cleverson Nunes.

A Guarda Municipal, cujo o diretor é o GM Gilmar Soares, é um departamento subordinado a Secretaria Municipal de Segurança Pública, onde também está o DASD (Departamento de Assuntos Sobre Drogas), Patrulha Escolar e Patrulha Maria da Penha (ainda em fase de operacionalização), Defesa Civil, Posto de Identificação, Ouvidoria, Corregedoria e Departamento de Segurança.
Já a Guarda Municipal está subdividida em coordenações, sendo elas: Patrulha Ambiental, Defesa Civil, CCO, GAT, GTAM, Canil e Infraestrutura, que faz a instalação, manutenção e atendimento de alarmes dos próprios públicos.

É no Centro de Controle de Operações (CCO) que o telefone toca quando alguém liga para o 153
É no Centro de Controle de Operações (CCO) que o telefone toca quando alguém liga para o 153

Ajude a Guarda Municipal na hora de avisar sobre uma ocorrência

Segundo o coordenador do Centro de Controle de Ocorrências (CCO) Carlos Alberto Walles, às vezes as pessoas, ligam para a GM, no telefone 153 para solicitar ajuda ou avisando sobre crimes em andamento e não prestam a atenção em alguns detalhes que podem agilizar a resposta das viaturas na rua. Ele dá dicas importantes: “Quando for ligar, tenha o endereço da ocorrência, com um ponto de referência para ajudar na localização; Tente prestar atenção no máximo de detalhes que conseguir. Características dos criminosos, altura, idade, roupas, se usa barba ou não, quantos elementos eram, a placa do carro podem fazer toda a diferença”, ensina.

Trotes

Outro ponto que Walles chama atenção é quanto aos trotes. “Quando alguém brinca com isso, acionando a GM para atender uma ocorrência falsa, faz com que uma viatura vá até um lugar à toa, quando poderia estar salvado alguém em outro lugar. Além disso é crime”, explica o coordenador. Ele alerta que o CCO tem um sistema que localiza a origem da ligação e uma viatura é enviada ao local para prender o engraçadinho. A pessoa é conduzida até a delegacia para providências.

Texto: Carlos do Valle / FOTOS: marco charneski e carlos do valle

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