Alegando que fábrica “dá prejuízo” Petrobras decide fechar antiga FAFEN

Fechamento da Fafen deixou milhares de trabalhadores sem emprego. Foto: Everson Santos
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Alegando que fábrica “dá prejuízo” Petrobras decide fechar antiga FAFEN

Após encerradas todas as tentativas de venda da subsidiária Araucária Nitrogenados – ANSA (antiga Fafen), a Petrobras bateu o martelo na terça-feira, 14 de janeiro, e decidiu pelo fechamento da fábrica de fertilizantes de Araucária, pegando todos de surpresa. A justificativa foi de que a ANSA vem apresentando recorrentes prejuízos desde que foi adquirida, em 2013. A medida gerou protestos, já que com a hibernação da planta, 396 trabalhadores diretos e cerca de 600 terceirizados perderam seus empregos, considerando que o desemprego ainda é alto no país.

Segundo o Sindiquímica, que representa os trabalhadores, a medida foi arbitrária, já que em momento algum a Petrobras se reuniu com o sindicato para discutir a questão. “Foi um desrespeito ao acordo coletivo dos trabalhadores, ficamos sabendo da notícia através da imprensa. Não vamos ficar parados, pediremos apoio junto ao poder público municipal e estadual, políticos, e outras entidades que possam se engajar na nossa luta para evitar o fechamento da planta, que gera centenas de empregos e impostos para o Estado. Também seguiremos uma linha jurídica, na busca de medidas que possam reverter esta decisão”, disse Santiago Santos, coordenador do sindicato.

Outro impacto com o fechamento da ANSA é de que a agroindústria do país possa se tornar ainda mais dependente da importação de fertilizantes, já que a unidade garantia o abastecimento de cerca de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia.

Em nota, a Petrobras justificou a hibernação da planta, alegando a falta de sustentabilidade do negócio, que entre os meses de janeiro a setembro de 2019, teria gerado um prejuízo de quase R$ 250 milhões, e para o final de 2020, as previsões já indicam que o resultado negativo pode superar R$ 400 milhões. “No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia) e as projeções para o negócio continuam negativas. A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima”, argumentou.

Ainda na nota, a estatal disse que empenhou todos os esforços para a venda da empresa, cujo processo de desinvestimento iniciou-se há mais de dois anos. As negociações avançaram com a companhia russa Acron Group, mas, conforme comunicado ao mercado em 26 de novembro, não houve efetivação da venda. Sendo assim, decidiu pelo fechamento da fábrica, que permanecerá hibernada em condições que garantam total segurança operacional e ambiental, além da integridade dos equipamentos.

Desempregado

Com relação ao desligamento de empregados, a Petrobras se comprometeu em pagar, além das verbas rescisórias legais, um pacote adicional composto de valor monetário entre R$ 50 mil e R$ 200 mil, proporcional à remuneração e ao tempo trabalhado, além de manter os planos médico e odontológico, benefício farmácia e auxílio educacional por até 24 meses. Também informou que manterá uma assessoria especializada de recolocação profissional para estes trabalhadores, decisões que foram apresentadas na terça-feira, 14, logo após o anúncio do fechamento, durante reunião com o sindicato da categoria.

Impactos para o município

O secretário municipal de Finanças, Luciano Stall, comentou que, o encerramento, das atividades da ANSA não deve prejudicar a tributariamente os cofres municipais. Isto porque já nos anos de 2017 e 2018 a produção da unidade não vinha incrementando a arrecadação de ICMS. “Outro prejuízo que teoricamente o fechamento da unidade poderia resultar aos cofres públicos seria o de pagamento de IPTU, porém este tributo, continuará sendo pago, mesmo co ma fábrica fechada, pontuou o o secretário.

Texto: MAURENN BERNARDO

Foto: Jornal O Popular

Publicado na edição 1195 – 16/01/2019

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