Alhos com bugalhos

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Escrevi na semana passada que o poder público municipal precisava urgentemente investir numa política séria de planejamento familiar, pois as pessoas estavam tendo filhos sem possuir as condições necessárias para criá-los, empurrando – muitas vezes – parte dessa responsabilidade para o Município.

Utilizei como exemplo do problema causado por essa falta de planejamento na hora de ter um filho a interminável fila por uma vaga em creche, que – no meu ponto de vista – é impossível de ser zerada. Fiz tal constatação levando em conta a média de crianças que nascem todos os anos em Araucária e o impacto que causaria nas contas públicas construir Cmeis para abrigar esses bebês.

Muita gente que leu o texto concordou comigo. Outro tanto, não. Entenderam que eu estava defendendo uma política de controle de natalidade quando, na verdade, falava apenas sobre planejamento familiar. Coisas totalmente diferentes. Penso que as pessoas têm todo o direito de ter quantos filhos desejarem. Se quiserem ter onze rebentos, que tenham. Só penso que os pais têm que ter as condições emocionais e financeiras necessárias para cuidar dessas onze criaturinhas de Deus. Ou seja, quem considerou que eu defendi o controle de natalidade se equivocou. Confundiu alhos com bugalhos.

As pessoas, cada vez mais, têm exigido seus direitos. No entanto, parecem esquecer dos seus deveres. A todo momento lembram que a Constituição prevê que a Educação é um dever do Estado, mas deixam passar a parte que a mesma Constituição ensina que esse dever também é da família.

Em meu texto da semana passada trouxe um dado que mostra que dos 2.462 bebês nascidos em Araucária em 2014, vinte eram filhos de mães com menos de quatorze anos e outras 387 de genitoras entre quinze e dezenove anos. Convenhamos, houve planejamento familiar na concepção dessas crianças? É aceitável que uma criança de quatorze anos gere outra criança?

Meu apelo por uma política séria de planejamento familiar, admito, é mais preocupado com o impacto que causam nas finanças públicas essas crianças que nascem sem que os pais tenham condições de criá-las do que necessariamente com o futuro desses rebentos. Enquanto observador da política local tenho certeza de que os recursos da coletividade seriam melhor aplicados no desenvolvimento de nosso Município se o dinheiro investido nas creches que atendem as crianças de zero a quatro anos pudesse ser investido em educação de tempo integral para os pequenos a partir dos quatro. No entanto, para que isso acontecesse, o bendito planejamento familiar teria que ter existido. O casal precisaria ter pensado em quem cuidaria de sua prole nos primeiros anos de vida do bebê, feito uma reserva financeira para que a mãe ou o pai tivesse condições de ficar em casa cuidando do rebento neste período sem prejudicar a qualidade de vida da família e tudo o mais.

E olha que eu só abordei um aspecto do problema causado pela falta de planejamento na hora de ter um filho. Poderíamos falar de outros tantos, como os custos do pré-natal, da necessidade de se realizar uma cesárea, que é mais cara, ao invés do parto normal simplesmente porque o corpo de uma criança de quatorze anos não estava preparado ainda para parir outra criança e assim por diante.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima. Boa semana a todos!

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