‘Amai vos vossos inimigos’ (Lc 6,27).

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Depois de ter proclamado bem-aventurados os discípulos porque são pobres, porque têm fome, porque choram, porque são perseguidos, Jesus se dirige às multidões que o escutam e proclama um princípio revolucionário: ‘amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, abençoai aos que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam’ (Lc 5,27-28). Aí estão quatro imperativos (amai, fazei o bem, abençoai, orai), que não deixam qualquer dúvida sobre como o cristão deve comportar-se diante de quem pratica o mal. Constituem a prova mais clara de que Jesus rejeita, de forma absoluta e incondicional, o recurso à violência. Ele condena o uso da violência, pois esta nunca resolve as situações; pelo contrário, as complica ainda mais; desencadeia ódios e instintos perversos, o desejo de revanche e de vingança. A única atitude que cria uma nova realidade é o amor.

Há cristãos que confessam com toda a sinceridade que, embora se esforcem, não conseguirão jamais amar alguém que lhes causou graves prejuízos: quem os caluniou; quem lhes arruinou a carreira; quem lhes destruiu a tranquilidade e a paz da família. Jesus não exige que nos tornemos amigos de quem pratica o mal contra nós. O Mestre pede que nos amemos, sem considerar os nossos próprios direitos, mas visando a necessidade do outro. Não é suficiente não retribuir o mal com o mal, a injúria com a injúria; deve-se ter a disposição de acolher o outro, de dar o primeiro passo em direção àquele que errou para ajuda-lo a sair da sua triste condição.

Não é fácil. É por isso que se recomenda com insistência a oração, pois só ela apaga a agressividade, desarma o coração, comunica os sentimentos do Pai que está nos céus, transmite a energia que nasce do amor de Deus. A oração pelos inimigos é o ponto mais alto do amor, porque pressupõe um coração disposto a deixar-se purificar de qualquer forma de ódio. Quando alguém se coloca diante de Deus não pode mentir: a ele só se pode pedir para que inunde de bens aquele que está praticando o mal contra nós. E quando conseguimos rezar assim, o nosso coração entra em sintonia com o coração de Deus que está nos céus ‘que faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons e faz chover sobre os justos e sobre os injustos’ (Mt 5,45).

Este é com certeza o maior desafio daqueles que querem seguir o Jesus dos evangelhos: amar os inimigos. Amar quem nos ama, quem fala bem de nós, quem nos elogia, quem nos valoriza, é muito fácil. O difícil é querer bem e rezar por aqueles que nos amaldiçoam, falam mal de nós, armam ciladas para nos destruir e querem a nossa ruína. A grande novidade trazida por Jesus foi exatamente essa: amar e querer bem daqueles que só querem o nosso mal. Requer, sem dúvida, um grande amor, do contrário, torna-se praticamente impossível viver esta grande novidade do evangelho.

As armas, a violência, pagar o mal com o mal, jamais serão a solução, muito pelo contrário, violência sempre gera mais violência. A verdadeira revolução começa de dentro para fora, é a revolução do amor. Quem ama só quer o bem do outro, mesmo quando o outro não pensa e não age da mesma maneira. Precisamos agir no coração das pessoas, onde se encontra a solução para um mundo melhor, mais humano e mais irmão. Jesus nos deu exemplo, amando até as últimas consequências, dando a vida para nos salvar. Seguindo o seu exemplo, sejamos capazes de amar, sobretudo, os inimigos, querendo sempre o seu bem.

Publicado na edição 1151 – 21/02/2019

‘Amai vos vossos inimigos’ (Lc 6,27).

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