Briga boa, armas ruins!

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Há certas coisas em Araucária que definitivamente não consigo entender. Nos últimos dias, por exemplo, vi nossa classe política debruçada na tentativa de garantir que as vagas de trabalho geradas por uma parada de manutenção na Repar fossem destinadas aos moradores da cidade. Sem dúvida, a briga é boa e necessária, as armas utilizadas na contenda – porém – me parecem equivocadas.

Ora, convenhamos, é estranho que trabalhadores locais e classe política queiram forçar que as empresas que executarão a tal parada na Repar contratem moradores daqui por meio de uma lei municipal, que obriga – exatamente: obriga – que 70% da mão de obra resida na terra dos pinheirais.

Digo isso porque, particularmente, considero essa lei xenofóbica. Isso para não falarmos da sua aparente ilegalidade. Afinal, como pode o poder público querer exigir que uma empresa priorize a contratação de determinado cidadão em detrimento de outro simplesmente porque ele reside do lado de lá da ponte do Rio Barigui?

Uma lei assim fica ainda mais sem sentido quando vemos do alto da tribuna da Câmara uma senhora com sotaque típico de quem veio da Bahia e com apelido idem defender a aprovação do documento, argumentando que chegou a Araucária há doze anos, que constituiu família aqui e que empresas como a Repar precisam favorecer a contratação de mão de obra local. Ora, fico a pensar o que seria dessa senhora se uma lei assim existisse há doze anos, quando ela chegou aqui.

Do mesmo modo, fico a imaginar como podem vereadores e prefeito defender uma regulamentação assim tendo em vista que muitos deles mesmo sequer nasceram em Araucária. O prefeito é de Santa Catarina. O presidente da Câmara é de Piraju, em São Paulo. Há ainda vereadores de União da Vitória, Umuarama, Astorga, Curitiba, Itaporanga, Cianorte. Apenas três dos onze são, digamos assim, nativos.

Escrevo tudo isso não na tentativa pura e simples de demonizar o projeto de lei que quer tornar obrigatória a contratação de mão de obra local. Como já disse, é digna de aplausos a preocupação de nossas autoridades em querer que o trabalho daqui seja dado aos que aqui residem, mas haveria outras formas de fazer isso. Uma ideia, por exemplo, seria criar uma política de incentivo às empresas que contratam araucarienses, de nascença ou de coração. Uma espécie de programa de incentivo a contratação de mão de obra local, oferecendo redução de impostos, isenção de taxas a quem desse trabalho à nossa gente.
Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Boa semana a todos!

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