Cabrini e cunhado são presos em meio a audiências da Mensalinho

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Desde o último dia 25 de março, a Vara Criminal de Araucária vem realizando as oitivas da fase Mensalinho da operação Sinecuras, deflagrada há exatos 364 dias, em 5 de abril de 2018. E, já na etapa final da coleta de depoimentos, realizada nesta quarta-feira (3), aconteceu o fato mais relevante dessa frase processual: a prisão do vereador suspenso Francisco Carlos Cabrini (PP).

O decreto de prisão foi assinado pela juíza Débora Cassiano Redmond, atendendo a um pedido do Ministério Público local. Isto porque Cabrini teria coagido uma testemunha a mentir em Juízo. Além de Cabrini, seu cunhado Valmir Antonio Vaz Torres também teve a prisão preventiva determinada pelo mesmo motivo.

De acordo com o pedido feito pelo MP, uma mulher que ocupava cargo em comissão na Prefeitura por indicação de Cabrini teria inicialmente negado em oitiva realizada em 6 de abril do ano passado que fazia qualquer tipo de repasse de parte do salário ao edil.

Nos últimos dias, porém, essa pessoa retornou ao MP afirmando que havia mentido em seu primeiro depoimento porque fora coagida por Valmir, que a procurou a mando de Cabrini. A versão foi ratificada pela testemunha novamente em Juízo na semana passada (27 de março). Ela ainda acrescentou que dias antes de comparecer a Vara Criminal, sua tia foi procurada pelo vereador que insistia que a moça deveria mentir em Juízo.

Cabrini e o cunhado estão presos na Delegacia de Polícia de Araucária e não têm data para serem liberados, já que o decreto de prisão é preventivo. De acordo com a defesa do vereador, em nenhum momento o edil foi orientado por seus advogados para procurar qualquer testemunha, sendo que o pedido foi sempre para que ele mantivesse distância de qualquer pessoa que integrasse os autos. A defesa destacou ainda que está estudando as peças que integram o pedido de prisão preventiva de Cabrini para verificar qual o melhor remédio jurídico que o caso pede.

Já a defesa de Valmir pontuou que também está se colocando a par do caso para definir qual a melhor linha de atuação de agora em diante.

Mensalinho

De uma maneira geral, os depoimentos chegaram ao seu oitavo e derradeiro dia com as testemunhas de acusação arroladas pelo MP mantendo o que já haviam dito anteriormente em oitivas informais. Nossa reportagem ouviu diversas pessoas que acompanharam as inquirições e todas disseram que, de uma maneira geral, não houve a apresentação de muitos fatos diferentes aos que já integravam o processo.

Apesar da normalidade, porém, um depoimento teria chamado à atenção, porque mostrou que a testemunha relatou ter presenciado uma conversa entre vereadores da legislatura passada e o ex-prefeito Olizandro José Ferreira. O fato teria acontecido na sala da presidência da Câmara e a pauta seria um roubo do qual teria sido vítima o ex-vereador Josué Kersten. Na oportunidade, teriam lhe levado uma quantia substancial de dinheiro, a qual seria justamente o pagamento do tal mensalinho, que está no cerne da acusação do MP.

Outro momento das oitivas que chamou a atenção foi o interrogatório do ex-secretário de Governo de Olizandro, Caetano Saliba Oliveira, que firmou acordo de delação premiada com o MP. Ele foi ouvido por incríveis quatro horas e cinquenta minutos. Neste período ele respondeu a perguntas da magistrada que conduziu a audiência, dos promotores e dos advogados de todos os outros acusados. De uma maneira geral, Caetano não acrescentou novidades que já não fossem conhecidas de sua delação. Porém, nessa oportunidade, ele explicou detalhou como funcionaria o esquema que ele disse ter existido na administração pública municipal. Ao final, Caetano afirmou estar arrependido e envergonhado do que fez.

O último a depor foi o ex-prefeito Olizandro. Seu interrogatório durou mais de duas horas e foi encerrado por volta das 19h. De acordo com advogados ouvidos pelo O Popular e que estão atuando no processo, agora a juíza deve abrir prazo para requerimentos finais por parte da defesa e do MP. Em seguida, ela analisa os pedidos e verifica se os defere. Concluída essa etapa, parte-se para as chamadas alegações finais tanto de acusação quanto defesa. Só então o processo segue para prolação de sentença. A expectativa é que isto não aconteça no primeiro semestre deste ano.

Texto: Waldiclei Barboza

Publicado na edição 1157 – 04/04/2019

Compartilhar
PUBLICIDADE