Crise pandêmica atingiu em cheio o serviço de transporte escolar

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Com as aulas presenciais suspensas, o setor que depende única e exclusivamente do transporte escolar, foi um dos primeiros a ser atingido pela pandemia, e muito provavelmente, esteja entre os últimos a voltar. Os impactos no setor foram desastrosos, pois de uma hora pra outra, os transportadores perderam sua fonte de renda. Segundo o Sindifretan, tão logo o setor foi atingido pela crise, medidas foram tomadas, na intenção de minimizar o impacto, como aplicar descontos nas mensalidades. “Infelizmente não tivemos nenhum suporte financeiro. Fizemos reuniões com prefeito e vereadores, que não deram em nada. O único vereador que tentou nos ajudar foi o Fábio Alceu, que fez um projeto para pagamento de três parcelas de R$500 para ajudar o transporte escolar e os taxistas, que foi reprovado na Câmara, e encaminhado ao Executivo, também foi negado porque a Prefeitura alegou não ter verbas. Mesmo sabendo que o transporte escolar presta um serviço essencial ao município, a categoria sempre foi relegada a um segundo plano”, lamentam o presidente e o vice-presidente do sindicato, Leandro Carvalho e Josimar do Nascimento.

Segundo eles, Araucária tem pouco mais de 60 micros e pequenas empresas do setor de transporte escolar, mas diante dessa pandemia e da falta de investimentos no setor, esse número tende a diminuir ainda mais. “Nossas expectativas são as piores possíveis, pois não temos previsão de retorno e ainda assim, quando voltarmos, será de forma gradativa e não será fácil, porque muitos já tiveram os contratos cancelados”, finalizou Josimar.

Acompanhe os depoimentos de transportadores escolares e entenda a situação difícil que estão enfrentando.

Marcos Freitas e Roseli Ferreira: Ferreira Lampe Transporte Escolar

“Quando começou a pandemia, a empresa tinha uma reserva de dinheiro, mas ela já se foi. Então tivemos que pensar em algo para nos manter, e como tenho experiência com confeitaria, decidi investir nesse setor. Meu marido também está procurando emprego e nós também conseguimos o auxílio emergencial do governo como MEIs, o que nos ajudou um pouco. Mas infelizmente o transporte escolar era nossa única renda, estamos vivendo uma situação bastante difícil. No primeiro mês tivemos que dar descontos para os pais, mas muitos ficaram desempregados e cancelaram os contratos, e para esses nem cobramos rescisão. Hoje o pagamento está praticamente zero e a previsão não é nada favorável para os transportadores escolares, pois estamos no pico de contágio, sem nenhuma previsão de volta. Os pais estão temerosos com o retorno das aulas, e precisamos entender isso. Tentamos um auxílio do município para os transportadores escolares, mas nos foi negado. Pior que vejo alguns colegas tentando financiamento para pagar as prestações da van, mas não conseguem. Estamos à deriva, sem apoio nenhum. Sabemos que muitas classes foram prejudicadas, mas o transporte escolar foi um dos primeiros setores afetados pela crise pandêmica e talvez sejamos um dos últimos a voltar”.

Sonia de Fátima Gomes Texeira e Elizeu Gomes Texeira

Crise pandêmica atingiu em cheio o serviço de transporte escolar
Zum Transportes

“Estamos parados desde o dia 20 de março, fizemos um acordo com os pais, e eles estão pagando 50% do valor da parcela, mas a partir de agosto, decidimos não cobrar mais. É muito constrangedor e humilhante ficar cobrando por um serviço que não está sendo prestado. Apesar de ser uma situação atípica e estarmos dentro das orientações do Procon, ainda assim é constrangedor. O problema é que em fevereiro compramos uma van zerada, pois era necessário, a nossa era antiga já não poderia mais rodar em 2020, então entramos nessa dívida, com uma prestação altíssima, pois um veículo para transporte é muito caro. Conseguimos uma negociação com o banco, com mais juros, é claro. Pagamos março, abril e maio, junho e julho não pagamos ainda. Prorrogamos para 60 dias, a próxima vence dia 10 de agosto, mas não sabemos como vamos pagar. Mal conseguimos pagar nossas necessidades básicas, pois o transporte escolar é nossa única renda. Eu e meu esposo trabalhamos só com isso, não fazemos viagens de turismo. Para fazer viagens teríamos que ter outras licenças. Recentemente tentamos através da Câmara de Vereadores um auxílio para ajudar em algumas despesas e nos foi negado pela Prefeitura. A expectativa é de que nos ajudem de alguma forma. No nosso caso específico seria ideal uma prorrogação das parcelas do veículo por seis meses e um auxílio do município. Diante de tudo isso não sabemos como será o futuro, não sabemos se teremos que entregar o veículo para o banco, não sabemos se iremos continuar trabalhando nesse ramo no próximo ano”.

Elizete Souza Santos – Elizete Transporte

“Desde que a pandemia começou, tive que encerrar meu trabalho e deixar minha van parada na garagem, as coisas se complicaram um pouco. Em novembro do ano passado comprei uma van nova, para oferecer mais conforto aos meus alunos, e agora estou tendo dificuldades para pagar as parcelas do financiamento. Fiz uma solicitação de empréstimo no início da pandemia, pelo Espaço do Empreendedor, e até agora está em análise. Pra piorar, são pouquíssimos os pais que ainda estão pagando as mensalidades e não temos como cobrar isso deles, pois estão sem receber o serviço. Tive que me reiventar para atravessar essa crise, e investi no ramo da confeitaria, agora faço bolos sob encomendas”.

Vitor Bubniak

Crise pandêmica atingiu em cheio o serviço de transporte escolar
Trans Vitor Transporte

“Estamos numa situação difícil, sem nada de arrecadação, só pagando as contas que chegam. Mas precisamos nos manter confiantes de que no próximo ano tudo melhore e possamos recuperar as perdas. Sem receber ajuda de nenhum lado, fica bem complicado a gente sem manter. O banco oferece um financiamento, com juros baixos, mas a carência é de seis meses, isso ajuda momentaneamente, porém, não sabemos como estará a situação daqui a seis meses, se teremos dinheiro para começar as pagar as parcelas. É tudo muito incerto, eu s[o não estou desesperado porque sou aposentado, e com esse dinheiro, não fazendo contas e economizando o máximo possível, ainda consigo me manter. É triste ver meus dois veículos do transporte escolar parados, sem ter a mínima previsão de quando voltaremos a trabalhar”.

Texto: Maurenn Bernardo

Foto: divulgação

Publicado na edição 1223 – 30/07/2020

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