Cuidado com a síndrome de estocolmo!

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Cuidado com a síndrome de estocolmo!

Nos anos 70, na capital sueca, as vítimas de um assalto com reféns manifestaram um comportamento que hoje é conhecido como Síndrome de Estocolmo. Frequentemente apresentada pelas vítimas de ameaças graves, a identificação emocional com aqueles que as mantiveram reféns atinge tal ponto que até as tentativas de libertação são tidas como ameaças, pois cada mínimo gesto de gentileza dos raptores é enormemente ampliado. Tal é o envolvimento emocional das vítimas que se torna difícil uma visão adequada da realidade e do perigo real que as ameaça. Caso clássico dessa síndrome foi o da rica herdeira americana Patrícia Hearst, que passou a apoiar as ações dos que a mantiveram em cativeiro e que pertenciam ao denominado Exército Simbionês de Libertação.

Nas manifestações de alguns membros do quadro geral durante o movimento paredista e após o encerramento deste mediante o acordo com o prefeito, pareceu-me existir certa relação com os comportamentos da Síndrome de Estocolmo. Claro que para processar o raciocínio que fiz é necessário despir o espírito de qualquer tendência a ver cores que não pretendi dar a nenhuma das posições que considerei. As partes envolvidas são respeitáveis profissionais do magistério e servidores de algumas das mais de 70 profissões do quadro geral e não malfeitores e suas vítimas. O fato é que não me pareceu lógico que a opinião do magistério parecesse predominar nas decisões sobre os rumos da greve, algumas vezes. Até a construção e entrada em vigor do PCCV do quadro geral este grupo tinha apenas vantagens transitórias, como gratificações e horas-extras, estando condenado a trabalhar enquanto resistisse, pois não havia uma carreira para lhe garantir aposentadoria digna. Note-se que, em 2007, quando todos os servidores passaram a ter direito à carreira, a despesa com pessoal também estava próxima ao limite. A união é muito válida, necessária e elogiável. Porém, espero que os colegas do quadro geral lembrem que somente foram conquistados direitos referentes à progressão por qualificação e por habilitação quando este grupo atuou de forma específica na construção do seu próprio PCCV. Pior mesmo seria se a união ocorrida fosse catalisada pelo desejo de retorno de outro tipo de “sequestrador”, pois “sequestradores” são todos iguais. A população é o verdadeiro patrão, como bem sabem os servidores conscientes. Com certeza os dirigentes que elegemos para nossa entidade de representação saberão distinguir os verdadeiros anseios da categoria e atuarão em sua defesa. Para que isso ocorra, ou seja, a união em condições de igualdade com o magistério é fundamental, como sempre foi, pois todos são servidores públicos com idênticos direitos.

JÚLIO TELESCA BARBOSA
ENGENHEIRO AGRÔNOMO

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