Dar sabor à vida

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Uma das principais funções do sal é dar sabor aos alimentos. Por isso, desde os tempos antigos se tornou o símbolo da ‘sabedoria’. Muitos, ainda hoje, dizem que uma pessoa tem ‘sal na cabeça’, quando fala de maneira sensata, ou dizem que uma conversa ‘está insossa, ou sem sal’, isto é, sem graça, pouco agradável, sem conteúdo. Ou então, é comum dizer que uma pessoa fria, sem vibração, sem entusiasmo, é como se fosse uma pessoa sem sal. O cristão é sal quando consegue dar sabor e sentido a tudo aquilo que acontece, difunde uma palavra de sabedoria onde existe a dor e semeia bondade onde existe ódio e rancor.

Quando Jesus diz para os discípulos, ‘vós sois o sal da terra’, está com certeza se referindo ao testemunho que eles devem dar perante os homens. Jesus não lhes ensina em primeiro lugar uma teoria, uma doutrina, mas um jeito de ser, de conviver, de acolher as pessoas, de ser uma presença vibrante e entusiasta, mesmo diante das adversidades da vida. Jesus estava preocupado com o homem concreto, com a sua situação real, com seus problemas e dificuldades, pronto para ajudá-lo, despertando nele a fé e a esperança. O seu jeito de ser cheio de entusiasmo, de ternura, de compaixão e misericórdia, elevava no ser humano o desejo de mudar de vida, de se converter e se transformar.

O sal é a imagem de alguém que tem sabor, gosto pela vida, amor por aquilo que faz e entusiasmo e alegria na missão. De dentro dele emana uma paixão que o leva ao encontro do outro, sobretudo, daquele mais carente e sofredor, despertando nele a certeza de que a vida, apesar de suas nuances e contrariedades, vale a pena ser vivida. E a vida, só tem sentido, quando colocada a serviço do outro. Vida voltada somente para si mesmo, para seus interesses, para suas satisfações pessoais, leva ao vazio, ao nada e tantas vezes, se desfaz em desgraças, em depressão, em destruição pessoal ou dos outros.

O sal só tem sentido quando colocado na comida, para dar gosto ou para conservá-la. A sua função, a sua razão de ser não está em si mesma, isolada ou afastada, mas quando misturada no meio dos alimentos. Assim também a vida do ser humano, ela só tem sentido quando deixa o seu ego, os seus interesses apenas pessoais, e se abre às necessidades do outro. Ser sal é ser no mundo um pouco de amor, de alegria, de coragem, de vibração, de acreditar que as coisas podem mudar e ser diferentes. O insosso, o desanimado, aquele que vive sempre para baixo, só consegue ver as desgraças do mundo, como se tudo fosse fixista, sem possibilidades de mudança. Ou seja, usa chavões como esse: ‘sempre foi assim’.

A vida só tem sentido e razão de ser, quando saímos de nós mesmos e nos colocamos prontos e disponíveis às necessidades do outro. Quando esta força interior que existe dentro de cada um de nós, nos coloca em movimento, sempre prontos para escutar, servir, ajudar e fazer o bem. Quando compreendemos que tem muito mais alegria em dar do que em receber, em perdoar do que ser perdoado, em amar do que ser amado, em servir do que ser servido, em compreender do que ser compreendido.

Quando somos capazes de compreender esta máxima da vida, ela volta para nós em forma de graças e bênçãos. Porque, tudo aquilo que fazemos em prol do próximo, retorna para nós de modo bem mais intenso e profundo. Somente as pessoas salgadas, vibrantes, entusiasmadas por dentro, compreendem esta verdade. Somente as pessoas cheias de sal poderão salgar e animar, entusiasmar e transformar o meio em que vivem. E Jesus é o sal que dá gosto e plenitude para nossa vida.

Publicado na edição 1198 – 06/02/2020

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