Décadas perdidas!

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Décadas perdidas!

Tive a oportunidade de participar recentemente de um evento cujo objetivo era ousado: responder que fim levou o dinheiro de Araucária. Foi uma conversa bacana e, em minha fala, apontei como destino da nossa riqueza os interesses políticos/pessoais daqueles que estiveram no comando de nosso Município ao longo das últimas décadas.
Sim, exatamente isso. O dinheiro de Araucária foi utilizado para pagar o projeto político do vereador que queria ser deputado. Do prefeito que queria ser deputado. Do prefeito que queria deixar sua marca faraônica, independentemente se essa marca acabaria se tornando uma ferida que sangraria os cofres municipais por muitos e muitos anos.
Obviamente, haverá quem diga que estou equivocado. Defenderá que a grana da cidade foi para o bolso de muitos políticos locais. Acredito piamente que, infelizmente, parte dos recursos, deve ter tido sim esse destino. Mas não o grosso do dinheiro. O grosso da pecúnia foi ordinariamente jogada no interesse do gestor em se reeleger ou de se manter no poder ou ainda para fazer o sucessor ou conseguir um cargo eletivo em outra esfera de governo.
Para corroborar minha tese, gosto de lembrar (aliás, não gosto de lembrar) alguns absurdos que aconteceram nesta cidade. Um deles, como não poderia deixar de ser, foi a iniciativa da Prefeitura de, lá na década de 1990, absorver as séries finais do Ensino Fundamental quando a competência originária era do Governo do Estado. Ora, porque diabos isso foi feito? A resposta não me parece outra a não ser fazer média com os governantes estaduais de modo a se cacifar para disputas políticas estaduais e também para não se desgastar explicando para pais e mães da época que tal obrigação era do governador. Resposta semelhante é a que precisa ser dada para o fato de lá atrás termos criado a linha Tupy/Pinheirinho. Ora, preferimos levar nossos moradores para a cidade vizinha a utilizar esse dinheiro no desenvolvimento da própria região do Campina da Barra, de modo que quem morasse ali não precisasse deixar a cidade para ganhar seu pão.
Também podemos citar porque durante anos optamos em reajustar os vencimentos dos servidores em porcentagens bem acima da inflação quando todo o resto do país aplicava somente a inflação acumulada ao longo dos últimos doze meses. Será que fizemos isso para valorizar – mesmo – o funcionário de carreira ou apenas para parecermos bonzinhos aos olhos desse segmento? Ainda no funcionalismo, porque aprovamos um Plano de Carreira que, em médio prazo, se tornaria insustentável?
Na saúde, por que investimos milhões na construção de um hospital próprio, cujo custo anual é astronômico, ao invés de termos aplicado toda essa grana na atenção primária, já que quando essa fase do cuidado é bem feita se evita muito gasto no atendimento de média e alta complexidade, justamente o prestado pelo hospital? Da mesma forma, qual é a razão de construirmos um 24 horas para atender toda a cidade numa vila periférica, dificultando o acesso de quem mora do outro lado do Município?
E mais, por que gastamos milhões com o bendito Um Computador por Aluno, que hoje se tornou sucata ou nem isso? Por que construímos um mercado municipal, caramba?
Ufa! E esses são apenas alguns exemplos do destino que tomou o dinheiro de Araucária ao longo das últimas décadas! Dinheiro, aliás, que não volta mais. Riqueza, diga-se de passagem, que nossa cidade não voltará a ter, pelo menos em curto e médio prazo. Por conta desses erros todos, deixamos de ser uma cidade rica para ser apenas uma cidade com muito dinheiro, que é mensalmente consumida pelos erros do passado.
Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima!

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