É preciso separar o joio do trigo

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Em nosso cotidiano, usamos expressões sem pensar no real significado que contêm. Separar o joio do trigo é expressão proveniente de parábola da Bíblia, na qual Jesus conta que um homem semeou trigo e, quando adormeceu, o inimigo espalhou sementes de joio na plantação. Quando os servos perguntaram se ele queria que o joio fosse arrancado, o homem disse que isso faria com que o trigo fosse também eliminado pela semelhança das plantas. Que deixassem ambas florescer e mostrar seus frutos, colhendo-as separadamente. As sementes de joio, que facilmente desenvolvem fungos e toxinas que envenenam as pessoas, seriam lançadas ao fogo e o trigo serviria como alimento. Tal parábola parece encaixar perfeitamente em dois casos que agitam Araucária, na atualidade. A primeira é a alardeada mobilização de algumas entidades da cidade para, em Curitiba, protestar contra a corrupção. A segunda é o movimento para garantir a participação de 70% de trabalhadores locais na Parada de Manutenção da refinaria da Petrobras em Araucária, a REPAR. Em ambos os movimentos encontraremos pessoas imbuídas dos mais legítimos e nobres sentimentos de solidariedade com os menos favorecidos. Os desfavorecidos são os que mais precisam que a corrupção seja combatida e que os recursos da REPAR impliquem diretamente em desenvolvimento econômico-social do município onde ela está instalada. Outros temas, como a desintegração do transporte coletivo com a capital, também merecem a atenção de todos. A desintegração fez com que centenas de araucarienses começassem a pular as catracas do terminal, por não suportar o pagamento de até R$ 13,20 no ir e vir do trabalho. A falta de qualificação dos trabalhadores de Araucária é o que obriga as empresas a buscar mão de obra até em outros estados, como rotineiramente acontece. Ou alguém duvida ser mais fácil contratar trabalhadores da cidade onde a empresa está trabalhando? A renda per capita do município é uma das maiores do país e questões básicas devem ser atendidas. Reafirmo acreditar que a maioria dos que levantam as duas bandeiras são movidos pelo sincero desejo de ajudar a quem mais precisa. O joio, também designado cizânia, representa a desarmonia e a discórdia semeadas sorrateiramente pelo inimigo. É aproveitar a democracia duramente conquistada para pregar abertamente a volta de regimes autoritários, aproveitando a indignação sincera do povo perante a corrupção. É veneno mortal, ocultar que a qualificação dos trabalhadores é indispensável para a empregabilidade. Protestemos e reivindiquemos como a democracia exige e permite, mas fiquemos atentos às sementes do joio. É válido protestar contra a corrupção no plano federal e reivindicar que a REPAR apoie o desenvolvimento de Araucária, sem esquecer tantas outras mazelas que atingem a sociedade. A ideia de que basta protestar para que tudo se corrija é mero ilusionismo.

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