E vós, quem dizeis que eu sou?

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

A pergunta de Jesus aos apóstolos, sobre quem ele era, encontra em Pedro uma resposta convincente, contundente, a ponto de receber do Mestre a missão de conduzir o seu rebanho. Pedro testemunha com todas as forças que Jesus é o Filho de Deus, o Messias, mas, não somente através de palavras, mas com toda a sua vida, seu caráter, seu comportamento. Ele, decididamente, larga tudo e coloca a sua vida a serviço do evangelho do Senhor. Uma vida toda cheia de entrega, de doação, de anúncio e denúncia do Reino de Deus. No encontro com Jesus, acontece nele, em toda a sua vida, uma verdadeira transformação. Literalmente, ele não é mais o mesmo, e, assume, através de palavras, gestos e ações, um jeito novo de ser, de viver e de conduzir a sua existência nesta terra. No final, ele vai se sentir indigno de morrer como o Mestre, e, pede para ser crucificado com a cabeça para baixo. Um amor pleno, uma entrega total, sem medir as consequências, com inúmeras prisões e o martírio na cruz.

A pergunta dirigida aos discípulos ecoa hoje em toda a igreja, em todos aqueles que se dizem seguidores de Jesus. Ela toca diretamente o coração de cada pessoa, e, encontra diversas respostas, que, infelizmente nem sempre condizem com a adesão plena ao evangelho. Para muitos, Jesus é condicionado aos seus próprios desejos, às suas necessidades, de modo individualista e egoísta. Como se ele fosse uma propriedade pessoal, sujeito aos seus caprichos infantis, suas fantasias e crenças adquiridas na infância, através do meio familiar ou do meio social. Para outros, a resposta é baseada em doutrinas, tantas vezes sólidas, mas que não condizem com o seu jeito de ser e de viver. É algo automático, racional, até prepotente, sem conexão com aquilo que realmente manifesta através do cotidiano de sua vida.

Seguir Jesus é muito mais do que defender uma doutrina, uma ideologia ou documentos da Igreja, mas fazer a experiência de um encontro pessoal. Um encontro que toca no seu coração e revoluciona radicalmente a sua vida. E isso se percebe através de suas palavras, cheias de amor, de ternura, de compaixão, de coragem e de esperança. Mas as palavras, quando desconectadas da ação, podem tornar-se vazias. O verdadeiro seguidor de Jesus, manifesta sua crença no mestre, através de seus gestos e ações de solidariedade, de partilha, de perdão, colocando sua vida a serviço, sobretudo, dos mais pobres, dos doentes e necessitados. Mais do que palavras bonitas e emocionantes, seu agir é determinante, pronto para ajudar, fazer o bem e dar a vida, se preciso for, pelo próximo.

O mundo atual está carente de verdadeiros seguidores de Jesus. Não é a religião que salva, que determina a fé de alguém, mas o seu comportamento, que se manifesta em gestos e ações concretas de amor ao irmão. Não é aquele que diz Senhor, Senhor, que entrará no Reino dos Céus, mas, aquele que faz a vontade do Pai. E a sua vontade é que todos sejam valorizados, amados, socorridos e saciados em suas necessidades materiais e espirituais. Não vale a pena brigar por religião, como se a minha fosse melhor que a sua. E pior, porque a minha me leva ao céu e a tua vai te levar para o inferno. O que realmente deve fazer um cristão, seguidor de Jesus, é brigar para que todos tenham vida, e a tenham em plenitude. É seguir as pegadas do Mestre dos evangelhos, da boa nova do Reino, sempre atento e preocupado, sobretudo, com os mais pobres e sofredores. Quem é Jesus? É aquele que veio para trazer vida digna para todos, esperança, coragem aos mais pobres e carentes. Hoje, seguir Jesus significa ser solidário, partilhar, ter um coração compassivo e cheio de misericórdia.

Publicado na edição 1226 – 20/08/2020

E vós, quem dizeis que eu sou?
E vós, quem dizeis que eu sou? 1
Compartilhar
PUBLICIDADE