‘’Este é o meu filho amado. Escutai-o!”(Mt 17,6)

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No monte Tabor Jesus é apresentado como o Filho Predileto do Pai, a quem devemos escutar tudo o que nos diz. Ele manifesta a sua glória, o seu esplendor, e seu rosto se transfigura e brilha plenamente, mostrando ao mundo todo o seu poder. Não um poder que veio para dominar, massacrar, mas para servir, para mostrar o rosto misericordioso do Pai e dar a vida por nós. As figuras de Moisés e Elias, representando a lei e os profetas se afastam para dar lugar a Jesus, aquele que veio para revelar ao mundo quem é Deus.

Escutar a Jesus é buscar diariamente compreender a sua mensagem, a sua boa nova, as suas palavras, gestos e ações. Não o Jesus da glória, mas aquele que passou pelo mundo, que andava às margens do mar da Galileia, pregando e ensinando aos seus discípulos e a todo o povo, revelando através do seu jeito de ser e de viver a vida, aquilo que era a vontade do seu Pai. ‘Quem me vê, vê o Pai’, disse Jesus a Felipe, numa alusão clara que tudo aquilo que Jesus falava e fazia, não eram palavras e obras suas, mas guiadas pela vontade de Deus Pai.

Estamos vivendo a Quaresma e junto com ela, a Campanha da Fraternidade 2020. O tema central é a vida, nas suas diversas dimensões, guiados pela parábola do Bom Samaritano. O lema é instigante e quer ser uma luz em nossa vida, não somente neste período específico do ano litúrgico, mas em todos os momentos da nossa existência. ‘Viu, sentiu compaixão e cuidou dele’. Ao trazer presente a figura do bom samaritano que ‘perde’ seu tempo para se preocupar com quem está caído à beira do caminho, claramente Jesus quer nos mostrar que ele é o samaritano por excelência, pronto a socorrer a todos os que estão por terra, abandonados ou excluídos da sociedade.

O Deus que Jesus revela ao mundo é um Deus profundamente misericordioso e compassivo para com todos, sobretudo com os mais sofridos e marginalizados. Que não veio para condenar, mas para salvar. Que não veio para julgar, mas apresentar o caminho da restauração e da dignidade a todos os seres humanos. Que ama infinitamente a todos, e faz festa quando um filho seu se arrepende, se converte e muda de vida. Que vai ao encontro dos pecadores, dos publicanos, dos doentes abandonados pela sociedade, dos marginalizados e excluídos. Temos, na verdade, muita dificuldade de aceitarmos este Jesus em nossa vida, porque ele nos compromete a fazer o mesmo, saindo da nossa tranquilidade, do nosso egoísmo e do nosso fechamento em nós mesmos.

Escutar a Jesus é abandonar as nossas comunidades e ir ao encontro do outro, pois foi exatamente isso que ele fez durante toda a sua vida. Jesus não parava, estava sempre em movimento, visitando as pessoas, levando a elas o conforto, a esperança e a dignidade de seres humanos, filhos de Deus. Escutar a Jesus é deixar-se tocar pelo seu amor infinito, e espalhar, por onde formos, o mesmo amor aos nossos irmãos mais necessitados. Temos dificuldade de compreender esse jeito compassivo e misericordioso de ser de Jesus, e, tantas vezes, preferimos julgar e condenar. Escutar a Jesus é fazer da nossa vida, uma vida de serviço, de entrega, de doação, e, se preciso for, amar até às últimas consequências, e dar a vida pelo irmão, como fez Jesus por nós, para nos salvar. A sua proposta é realmente muito exigente, mas vale a pena, porque só o verdadeiro amor aos irmãos, constrói e dá um verdadeiro sentido à vida.

Publicado na edição 1202 – 05/03/2020

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