Estupro coletivo

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A situação de Araucária – não de hoje – é delicada. Se fosse uma mulher, nossa cidade estaria sendo vítima constantemente de estupros. Estupros inicialmente praticados por determinados grupos de nossa sociedade, que aproveitavam a inocência da vítima, iam lá e a abusavam.

O grande problema é que esses abusos sempre foram praticados sob o olhar permissivo de outras pessoas, que mesmo ouvindo a pobre Araucária gritando, que mesmo vendo o ato libidinoso sendo praticado, simplesmente achavam aquilo parte do jogo e não se dispunham a enfrentar o agressor, até porque acreditavam que a vítima era forte e superaria aquele trauma que, no olhar obtuso de muita gente, era apenas um dano físico e temporário.

Com o passar dos anos, o que eram estupros individuais, ora praticados por prefeitos, ora por secretários, ora por vereadores, ora por empresários acabaram se desdobrando num verdadeiro estupro coletivo da Valente Operária.

Antes, cada um desses algozes de nossa Gentil Tindiquera ainda esperava a sua vez para violentá-la. Batiam na porta do quarto, viam se ela já não estava sendo ultrajada por outro mau caráter e só quando confirmavam que a área estava limpa é que partiam para cima da vítima. Isso, porém, mudou. Ao longo dos últimos anos ninguém mais quer esperar a sua vez para satisfazer sua libido. Vários canalhas, ao mesmo tempo, abusam de Araucária de todas as formas possíveis.

E, repito, como esse crime sempre foi praticado sob o olhar permissivo de uma cidade inteira, o que antes era apenas um “não vou me meter nisso” acabou evoluindo para um “vou me meter nisso, sim”. O problema é que, muita gente resolveu se meter nisso do jeito errado. Ou seja, decidiu também violentar o Chão dos Briosos Tinguis. Sim, pensaram, já que ninguém está fazendo nada e a pobre Araucária está suportando, eu também vou tirar minha lasquinha. Também vou me lambuzar no viço e frescor da Terra Mais Linda que Há. E, assim, também passaram a abusar da vítima muitos servidores públicos, sejam eles efetivos ou comissionados, e, como não poderia deixar de ser, muitos de nossos moradores. Todos, em menor ou maior grau, se aproveitaram do corpinho de Araucária.

O grande problema é que, não adianta, por mais forte que a vítima seja, por mais fé que ela tenha, por mais resignada que seja, um dia ela sucumbe a tanta exploração. Um dia, ela sangra e pede socorro. Um dia os crimes do passado vêm cobrar o seu preço. E é exatamente neste momento da história local em que nos encontramos agora.

A violência sexual sofrida por Araucária por décadas a tornou estéril e ela já não pode mais dar os frutos que dera outrora. Já não consegue dar mais creches e postos de saúde para nossos moradores, reajustes e avanços para o funcionalismo, propina para alguns servidores bandidos e nem enriquecer políticos corruptos. E, diante desse quadro nos resta duas alternativas: ou socorremos nossa cidade, reconhecemos nossos erros históricos, punimos os culpados e oportunizamos a retomada de uma nova Araucária ou a matamos de vez e procuramos outro município atraente para violentar.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br. Até uma próxima.

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