Homens e mulheres em saída

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A história do povo de Deus no Egito, levando uma vida de escravos, mexeu no coração de Deus que escutou o clamor deste povo sofrido, explorado e escravo. Envia Moisés que os tira desta situação e os conduz até a terra prometida, onde corre leite e mel. O livro bíblico, o Êxodo (saída), retrata toda a caminhada realizada até chegar ao lugar que Deus tinha reservado para eles. No caminho, quanta dor, quanto sofrimento, quantas saudades das cebolas do Egito. Quantas vezes eles pensaram em desanimar, em voltar para trás, em largar tudo e desistir. Foram 40 anos no deserto, e no final, a grande conquista, o tão sonhado lugar escolhido por Deus e puderam então, com alegria, festejar a vitória.

A vida de cada um se parece com esta história do povo de Deus. Sair é sempre um desafio, uma necessidade, um imperativo que nos conduz para a felicidade. As pessoas acomodadas, paradas, anestesiadas, fechadas em seu próprio mundo, jamais farão a experiência da terra prometida. É preciso sair de si mesmo, do seu próprio mundo e ir ao encontro do outro, daquele que mais necessita e ser na vida dele um facho de luz e de esperança. A saída desinstala, cria novas possibilidades, mas também, quantas dores e sofrimentos.

Na Igreja, em saída, como nos pede o papa Francisco, somos chamadas a ir ao encontro daquele que se afastou, ou então, que ainda não se encontrou com Jesus. No caminho, quantos desafios, quantas incertezas e tantas vezes, a exemplo dos discípulos de Jesus, quantos ‘não’ àqueles que se dispõem a levar o evangelho do Mestre. Mas é preciso sair, se desinstalar, deixar o seu comodismo e bater na porta, mesmo sabendo das surpresas que poderão advir deste gesto. Com certeza, muitas serão positivas, acolhedoras, mas tantas outras, negativas e indiferentes.

Todos nós somos chamados a sermos discípulos missionários. No dia do nosso batismo recebemos a tríplice missão: sacerdotal, profética e real. Como sacerdotes, a nossa missão é rezar, é sermos homens e mulheres de oração. Como profetas, a nossa missão é denunciar os erros, as injustiças, as mentiras e anunciar a boa nova do Reino de Deus. Como reis, a nossa missão, a exemplo do Mestre Jesus, é colocar-se a serviço dos irmãos. A oração é o combustível da missão, pois, como se diz na gíria, ‘saco vazio não para em é’. Cristão que não reza, com o tempo perderá a força, como um carro que não consegue andar, pois acabou o combustível. Dizia São Vicente de Paulo: ‘dai-me um homem de oração e ele será capaz de tudo’. Um homem cheio do Espirito de Deus será capaz de denunciar o mal e anunciar a boa nova do Reino, a exemplo dos grandes profetas da Bíblia. Fará da sua vida, então, um serviço de doação e entrega em prol daqueles mais carentes e necessitados da sua presença.

Outubro, para nós católicos, é o mês missionário, o mês por excelência, que nos convida a sairmos de nós mesmos e vivermos o nosso compromisso batismal. A nossa realização como seres humanos e como batizados, só será plenamente possível, quando fizermos de nossa vida, uma oferta agradável a Deus e aos irmãos. Quando entendermos que a vida é saída de si mesmo, do seu próprio mundo; é entrega e doação, oferta do melhor de si mesmo para aquele que mais necessita da nossa presença; é um gastar-se, a exemplo da vela, na construção do Reino de Deus. Sair de si mesmo é o grande desafio, mas ao mesmo tempo, a plena realização do ser humano e de todo batizado.

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