Famílias milionárias

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A revista norte-americana Forbes, mundialmente conhecida pela publicação de listas onde constam as pessoas mais ricas do mundo, recentemente divulgou a relação das famílias brasileiras mais ricas do país. O primeiro lugar foi atribuído à família Marinho que controla as Organizações Globo e as famílias ligadas ao setor bancário tem a maior presença na lista das mais ricas do Brasil. Juntas, as 15 famílias possuem 122 bilhões de dólares e correspondem a 5% do Produto Interno Bruto-PIB, demonstrando a marcante concentração de renda ainda existente no país. Chama a atenção o fato de que os setores com maior destaque na lista de famílias milionárias da Forbes estejam vinculados ao atendimento direto de grandes parcelas da população. As Organizações Globo têm sua mola mestra nos veículos de comunicação social, com destaque para as emissoras de televisão, para o rádio e para os veículos de comunicação escrita como jornais e revistas; enquanto que as maiores instituições bancárias privadas atuam no setor financeiro varejista, possuindo uma legião de clientes em suas agências. No sistema econômico adotado no Brasil, o capitalista, é previsível a existência de pessoas que se destaquem na administração de seus negócios e acumulem maiores riquezas para si e para seus núcleos familiares. A questão que levanto está na área de atuação destas famílias endinheiradas, pois, com a riqueza que dispõe, elas podem utilizar seu poder junto à maioria da população e a uma rede de influência política, para permitir o crescimento exagerado de seu poderio. É fundamental garantir que o quadro apresentado não acabe limitando e mesmo desestimulando a democracia social, pois o grande acúmulo de poder econômico e de influência na opinião pública pode favorecer a perpetuação e ampliação da má distribuição da riqueza da nação. Cabe a todos os brasileiros, particularmente aos que tem maior acesso à informação, debater o nível de participação que vai se conferir à vontade popular, pois ela não é expressa somente através das urnas. A manifestação das urnas é influenciada por diversos fatores como, por exemplo, a variedade e a qualidade da informação que chega aos eleitores e os conduz à participação. Não estou defendendo a censura governamental, pois isto é próprio dos regimes ditatoriais, mas nem sempre devemos encarar uma proposta de regulamentação dos meios de comunicação como algo totalmente censurável. O Brasil é um gigante territorial, de cultura rica e variada, e um padrão único para manifestação sócio-cultural não lhe cai bem, seja ele advindo do governo ou da iniciativa privada. A nação só é realmente desenvolvida quando o pensamento de seu povo é, de fato, próprio e autônomo.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

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