Devagar com o andor

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O Brasil, mesmo sem ter resolvido definitivamente seus maiores problemas, tem crescido em todos os setores nestas últimas décadas. Os problemas de infraestrutura deficiente em estradas, portos, ferrovias, ruas, avenidas e aeroportos foram acentuados pelo aumento do número de veículos, pela multiplicação das cargas a serem transportadas e pelo aumento na quantidade de passageiros que se deslocam em todos os sentidos. O atendimento em setores primordiais como saúde, educação e segurança está pressionado também pelo número de pessoas a serem atendidas. Nestas últimas décadas de crescimento, a educação universalizou-se e corretamente a lei obriga os pais a encaminharem os filhos à escola. A criação do SUS universalizou o atendimento em saúde e na área da segurança, além do aumento populacional, vê-se que as pessoas não querem mais ficar restritas aos guetos de isolamento antes representados pelas favelas e vilas periféricas. Como é justo e de direito, todos querem participar do espaço social sem discriminações econômicas, raciais ou religiosas. É óbvio que não pretendo atribuir os grandes problemas que enfrentamos na atualidade apenas ao aumento na demanda dos serviços a serem prestados. Temos sido incompetentes ao escolher os administradores dos recursos que são de todos, nesta economia que se situa entre as mais ricas do planeta. Pior, ainda não sabemos escolher entre o que é pura enganação e o que não nos parece tão favorável individualmente, mas que seria o ideal para a maioria dos brasileiros. E, ainda por cima, muitas vezes admiramos e invejamos os que buscam o sucesso a qualquer preço e desdenhamos o cidadão que leva uma vida modesta e repleta de honestidade. Há muito que corrigir nos valores que defendemos, enquanto componentes do povo de uma nação. A correção dos valores que temos para nossas vidas e a projeção de novos valores sensatos e justos aos nossos representantes darão o arremate final ao rumo que nosso grande e belo país merece. Não é quebrando ônibus, paradas e terminais rodoviários como fizeram motoristas de São Paulo, ao se dizer descontentes com um acordo firmado entre seu sindicato e os patrões, que se aprimora um país. Também acredito que o aprimoramento não virá de atitudes como as de um sindicato que, com pouco mais de 50 técnicos administrativos de uma universidade federal reivindicando direitos, bloqueava a entrada e saída do campus frequentado por dezenas de milhares de pessoas. Já surgem vozes a clamar pela intervenção da mão forte do militarismo em nossa democracia, esquecendo que a missão das forças armadas de um país é proteger o país das ameaças externas. “Devagar com o andor, que o santo é de barro!” diziam os antigos, quando queriam demonstrar a cautela que precisávamos ter para evitar prejuízos irreparáveis, em frase que se encaixa bem nos dias atuais. É preciso prudência e inteligência para efetivamente ajudarmos na construção do Brasil grande e justo que dizemos querer.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

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