Na Torcida pelo Brasil

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O futebol nunca foi uma das minhas paixões e sempre acompanhei os eventos ligados a ele com reservada distância. Tornei-me torcedor do Imortal Tricolor, ainda bem pequeno, por ganhar uma camiseta e porque era obrigação ser gremista ou colorado. No internato do colégio agrícola, fazia quase qualquer coisa para não participar das longas disputas de futebol que meus colegas travavam nas tardes de domingo, numa época em que as opções de lazer e a grana eram muito escassas. Dá um misto de saudade e arrepio lembrar as peripécias passadas junto com outros colegas aventureiros que não queriam jogar futebol e preferiam passear a pé nas redondezas. Contudo, as Copas estão marcadas na minha lembrança como momentos de ufanismo nacionalista e patriótico em que participavam até aqueles que viviam incensando as maravilhas do velho continente europeu e da América do Norte. Não me agradavam refrões como aquele que dizia “Brasil: Ame-o ou deixe-o!” ou a música repetida à exaustão na base do “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!”. Mas, era realmente lindo ver as ruas enfeitadas e o povo festejando por todo o país. Foram os momentos em que vi a brasilidade mais exaltada, mesmo que com propriedade alguns lembrassem a falta de liberdade e outras mazelas que nos afligem desde que as caravelas de Cabral atracaram em Porto Seguro. No ambiente de democracia e liberdade política instalado, não encontro motivo suficiente para recebermos mal os turistas que virão participar da Copa da FIFA esperando um ambiente alegre e festivo. Só para Curitiba já estão confirmados mais de 150.000 turistas estrangeiros, particularmente espanhóis cuja seleção nacional treinará na cidade. Mesmo com um rei que abdicou recentemente frente à divulgação de escandalosas caçadas a elefantes africanos e denúncias de que a princesa e seu marido desviaram vultosas somas da coroa espanhola, certamente vibrarão com a atuação da Fúria. Nem a situação econômica crítica os fará menos exultantes com sua seleção, que é a atual campeã mundial. Os italianos, independentemente do prefeito de Veneza e diversos auxiliares terem sido presos por desvios de verbas nas obras de contenção de enchentes daquela histórica cidade, defenderão com afinco sua legendária Azurra. É perfeitamente aceitável não gostar de futebol ou entender que a Copa do Mundo de Futebol não deveria ser realizada no Brasil. É até patriótico apontar corretamente casos de corrupção e desvio de verbas públicas, pois a democracia exige participação. Porém, a promoção de desordens e atividades para denegrir a imagem de nosso país frente aos visitantes estrangeiros, me sugere duas possibilidades: falta de clareza para uma ação política eficiente e construtiva ou adesão à massa de manobra de interesses inconfessáveis. É hora de torcer pelo nosso hexa-campeonato da Seleção Canarinho. Vamos lá, Brasil!

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

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